Mais um ano que se vai, e com isso vem a infalível retrospectiva do ano, as memórias do que se viveu. Vem também aquela sensação vazia de não ter feito nada do que deveria ter feito, de tempo perdido (que você continua perdendo nesse exato momento), de sonhos que parecem estar cada vez mais longe, fugindo, escapando de nossas mãos como areia.
Ter medo do velho senhor a quem chamamos de Tempo é algo que vai além da explicação, e, mesmo assim, há quem tenha. Eu, por exemplo. Tenho medo do tempo, de que ele passe rápido demais e eu não consiga fazer tudo o que eu quero, de viajar e conhecer lugares que tanto me fascinam, de aprender tudo o que tenho vontade de aprender, de conhecer todas as pessoas que quero conhecer; de me realizar. Ao mesmo tempo tenho esse medo de que o tempo passe devagar demais, e que o dia de fazer tais coisas nunca chegue. Em suma, tenho medo de uma vida frustrada, a qual o tempo terá o poder de ajudar.
Há quem diga que dezenove primaveras é pouca coisa. Mas do meu ponto de vista é exatamente tudo o que eu vivi. É muito tempo, e os últimos cinco anos passaram tão rápido que mal vi, mal me vi, mal vivi. Foi quase aquele clichê de "piscar os olhos e passou". Desconfio que é daí que vem o medo de que o resto da minha vida passe do mesmo jeito, e como foi, continue: mal viva.
Neste ano que está prestes a se iniciar faço vinte (para ser um pouco óbvia), e a ânsia que existe em mim de alcançar os meus objetivos cresce mais a cada dia que passa. Tem mais fome que qualquer fome de comida, mais sede do que qualquer sede de água. E mesmo assim não os posso alcançar de um dia para outro. Exigem paciência, paciência esta que desaparece em um mar de ansiedade quando o assunto é o futuro. E, mesmo tendo um destino certo e imutável, acabo me perdendo nas curvas da estrada, sem direção e sem que possa entender.
E é assim que se termina mais um ano. Com uma enorme ansiedade e pitadas de angústia pelo futuro, assim como boas lembranças, conversas e risadas de um passado que, por enquanto, ainda é presente.
"O seu espírito parecia ter pressa de viver num breve instante o mesmo que muitos vivem numa existência prolongada." — Charlotte Brontë in Jane Eyre.
domingo, 29 de dezembro de 2013
domingo, 15 de dezembro de 2013
The end sem o hasta luego
Você era tudo o que eu tinha. Mas, que na realidade, eu não podia ter. Mundos diferentes, mesmo que a linguagem fosse a mesma. A gente sempre se entendeu muito bem, mesmo que houvessem desentendimentos vez em quando e palavras não ditas. Nem tudo é perfeito, nós também não seríamos. Aliás, um nós que na realidade era apenas eu e você.
Dizer que foi uma tragédia seria uma mentira, pois passamos bem longe desse caminho. Porém, nosso caminho sempre foi tortuoso. Sabe como é, sem muitas voltas, ao descer uma montanha, estraga a surpresa da paisagem do mar. E eu sempre gostei dessa surpresa, mesmo sabendo o que iria encontrar. Mas naquele dia, quando finalmente alcançamos a praia, esta estava cinza, sem graça, apagada. Sem beleza. E nós também.
Agora posso te dizer, mas acredito que o fim havia começado bem antes de tudo aquilo. Talvez, bem no comecinho, nos primeiros passos que demos naquele caminho conjunto. E não foi por causa de um tropeço ou buraco na pista, foi por que eu nunca vi os seus olhos brilharem quando eles encontravam os meus. Aquela coisa meio ou completamente clichê mesmo. Eu queria tanto que eles brilhassem. Seu sorriso sempre me fazia esquecer de tudo, até isso.
Mas, agora, me diz. É a sua vez. Por que seus olhos nunca brilhavam ao ver os meus? Por que você também não se surpreendeu naquele dia em que a paisagem do mar não foi satisfatória? Por que você não disse nada e me fez sentir que estava tudo bem até os nossos últimos segundos juntos? Queria tanto que não tivesse sido daquele jeito. Naquele dia horrível, com uma paisagem tão cinza. Vai ver até ajudou no nosso fim.
Ah, o fim. The end sem o hasta luego. Sem emoção, sem lágrimas, e aquele sufoco que esmagava cada pedacinho do meu corpo. E eu ali, tentando dizer que tudo bem, que tudo certo, que entendia, que sim, você tinha que me deixar ir pois era o melhor pra nós dois. Mas era melhor só pra você, e só depois que eu entendi. Melhor mesmo foi pra mim, porque se nem o Sol consegue ter as estrelas, que estão sempre à sua volta, eu de certo não teria você.
Dizer que foi uma tragédia seria uma mentira, pois passamos bem longe desse caminho. Porém, nosso caminho sempre foi tortuoso. Sabe como é, sem muitas voltas, ao descer uma montanha, estraga a surpresa da paisagem do mar. E eu sempre gostei dessa surpresa, mesmo sabendo o que iria encontrar. Mas naquele dia, quando finalmente alcançamos a praia, esta estava cinza, sem graça, apagada. Sem beleza. E nós também.
Agora posso te dizer, mas acredito que o fim havia começado bem antes de tudo aquilo. Talvez, bem no comecinho, nos primeiros passos que demos naquele caminho conjunto. E não foi por causa de um tropeço ou buraco na pista, foi por que eu nunca vi os seus olhos brilharem quando eles encontravam os meus. Aquela coisa meio ou completamente clichê mesmo. Eu queria tanto que eles brilhassem. Seu sorriso sempre me fazia esquecer de tudo, até isso.
Mas, agora, me diz. É a sua vez. Por que seus olhos nunca brilhavam ao ver os meus? Por que você também não se surpreendeu naquele dia em que a paisagem do mar não foi satisfatória? Por que você não disse nada e me fez sentir que estava tudo bem até os nossos últimos segundos juntos? Queria tanto que não tivesse sido daquele jeito. Naquele dia horrível, com uma paisagem tão cinza. Vai ver até ajudou no nosso fim.
Ah, o fim. The end sem o hasta luego. Sem emoção, sem lágrimas, e aquele sufoco que esmagava cada pedacinho do meu corpo. E eu ali, tentando dizer que tudo bem, que tudo certo, que entendia, que sim, você tinha que me deixar ir pois era o melhor pra nós dois. Mas era melhor só pra você, e só depois que eu entendi. Melhor mesmo foi pra mim, porque se nem o Sol consegue ter as estrelas, que estão sempre à sua volta, eu de certo não teria você.
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