terça-feira, 27 de setembro de 2011

Olhos azuis

Quando eu pensava nele, a única coisa que eu conseguia lembrar eram aqueles olhos azuis. Ah, aqueles olhos azuis… Me matavam cada vez que os via. Há algo neles que faz com que eu perca a noção do tempo. Não só do tempo, da vida. Faz com que eu perca a noção de qualquer coisa, até que me reste apenas aqueles intensos e maravilhosos olhos azuis. Os quais me matavam por dentro, já mencionei? Soa tão clichê dizer que eles são um intenso mar azul. Mas não poderia deixar de dizê-lo. E complementar que a maré desse mar é revoltada, e cheia de ondas. Mas mesmo assim ainda esconde um mistério; me diz que por trás de tanta revolta, há um certo medo. Uma agonia, uma esperança. Uma esperança que traz medo, e então causa a agonia. Talvez tudo isto fique meio ou completamente confuso, mas aqueles olhos… Ah, aqueles olhos! Eles não me deixam pensar em mais nada. E todo e qualquer pensamento faz com que eu me perca mais ainda neles. Todo e qualquer pensamento vira irrelevante. Porque enquanto eu olho naqueles olhos, só eles existem. E então eles me matam por dentro. Corroem cada centímetro da minha carne, até chegar na minha alma. Acabam, quase literalmente, com todo o meu ser. 
Eu queria que aqueles olhos me dissessem mais que aquela esperança que traz medo e depois causa agonia. Eu queria que aqueles olhos me dissessem que o dia em que eu os vi pela primeira vez, não foi o dia em que comecei a abster de mim mesma. Queria que eles me dissessem que tudo isto era apenas um pesadelo que mais parecia um sonho; que todo aquele declínio era só fantasia, que eu realmente não estava me perdendo por um par de olhos azuis revoltados. E tão misteriosos. 
Eu soube, após alguns dias de observação profunda então, que tal mistério era o resultado de um segredo. Apenas um. Mas a verdade, a verdade era meio inacreditável. E não soube por aquele misterioso-revoltado-maravilhoso par de olhos azuis. Soube por aquela boca, que minutos após se deslaçar da minha, disse o que eu nunca esperava ouvir: Que o mistério, que era resultado de um segredo, era que aqueles olhos azuis (que me matavam por dentro), haviam, também, se perdido nos meus olhos tão calmos e castanhos. Ao contrário de toda aquela maré revoltada.
A verdade é que não importava as cores, e sim que a calmaria de meus olhos, acalmavam aquela maré revoltava. E que o dia que em comecei a me perder, foi também o dia que comecei a me achar. Me achar no azul tão denso daqueles olhos, que eram totalmente o oposto dos meus. 

O som de um coração partido

Você já ouviu o som de um coração quebrando? De um coração quebrado? É como um grito abafado, sem som. É como uma lágrima nunca chorada, um afago nunca tido. É como uma carência que nunca morre, uma saudade que tortura. É aquele momento em que você percebe que todos aqueles sonhos não virarão realidade. É toda a agonia de não de ser; é toda a falta que não deixa de existir. São aquelas noites perdidas; aquelas noites de insônia. Algumas vezes, pra algumas pessoas, regadas à álcool. Pra outras, regadas à lágrimas e memórias que não somem nem com um piscar de olhos, pelo contrário, aparecem mais. E ainda tem aquelas noites em discotecas, para outras. Pobres coitados. Mal sabem que se deixar sofrer no começo, é a chave pra um futuro sem dor. Quer dizer, quase sem dor. Porque se é uma carência que não morre, se é uma agonia de não ser, às vezes elas irão aparecer. Mas só às vezes, e então você supera. Mas no momento em que um coração se quebra, a única coisa que resta, naquele instante, é a solidão. O vazio, a escuridão. Todas as boas lembranças indo embora, e todas as perguntas sendo criadas. Até que encontrem a resposta, ou simplesmente percebam que não vale à pena. Mas no momento você nunca percebe. No momento a única coisa que há é a dor que não cessa no peito. É o grito que não é alto o suficiente, é você se afogando em suas próprias lágrimas. Consegue sentir, imaginar, ouvir? Era o seu próprio coração se quebrando. Ali, naquele exato minuto.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Pro dia nascer feliz


É engraçado como as coisas podem mudar, pro oposto, em um dia. Ou menos até. De repente você se sente bem, feliz, e completa (aquilo que você sempre foi). Não sente mais aquelas saudades irritantes e que sempre te deixavam pra baixo. Parece que nada ao seu redor pode estragar esse bem, essa felicidade que você está sentindo. Tudo ao seu redor muda; você se sente mais confiante, segura. Acredita até em coisas impossíveis que você já não acreditava mais, como ver alguém que você tinha achado não ser mais possível. 


É engraçado como apenas um sentimento pode mudar tudo. Mudar seu dia, sua semana, seu mês. Mesmo que não dure muito; mas mesmo assim, por você estar se sentindo daquele jeito, você irá fazer coisas que não faria, se estivesse se sentindo de outro. E irão acontecer coisas que não iriam acontecer, se você não estivesse confiante para as fazer. Às vezes são questão de minutos: você sai, e esbarra com o carinha que poderá ser um novo amigo, ou talvez, um amor. 


Sempre acreditei que tudo acontece por uma razão, e sempre tem o dedo do destino no meio. Daí vem aquele clichê: "Às vezes quando tudo dá errado, acontecem coisas, que não aconteceriam se tudo tivesse dado certo". E não é uma frase boba, caso pareça. Se você parar pra pensar, é realmente assim que as coisas acontecem. Que se não tivesse sido por aquele dia, aquela hora, aquele minuto e naqueles exatos segundos, talvez nunca aconteceriam.


P.S.: Uma  coisa boa de morar aqui: essa vista maravilhosa todo dia :)

sábado, 17 de setembro de 2011

Coisas que aprendi com você.

E venho mais uma vez falar de você - sobre você. Poderia listar, com números, quantas coisas aprendi contigo, já não sendo a primeira vez que penso nisso. Mas não quero números, quero valorizar verdadeiramente o que eu aprendi com você. Acho que, em primeiro lugar, eu tenho que dizer sobre uma tal banda. Aquela lá que tu vivia cantando uma certa música pra mim, e que quando eu ouvia, sempre era seu o meu primeiro pensamento. E hoje ainda, quando a ouço, de longe ainda lembro de ti. Foi aí que, de duas músicas que eu conhecia, eu fui conhecer um pouco da banda. Não porquê você gostava, mas sim porque eu comecei a gostar dela. E assim foi, conheci as clássicas, fui à um show, e me apaixonei por ela. Amor à primeira vista. E hoje ela é uma das minhas favoritas. Também aprendi, que eu ainda vou encontrar alguém que vai estar ali pra mim, quero dizer, eu já encontrei alguns, mas talvez alguém que foi o que você foi pra mim. Você me mostrou que eles existem, e eu ainda vou conhecê-los. 
Você reforçou algo que eu já sabia: correr atrás dos meus sonhos. E que nunca, nunca, devo desistir deles! 
Me mostrou, em partes, como era bom ser amada; ter alguém especial que sinta ciúmes de mim. Me mostrando em partes, como é bom ser "A" garota. 
E com o "baque" eu aprendi, foi que, por mais que demonstremos nos importar, não quer dizer que isso seja verdade. Pode ser apenas o resultado de uma bela atuação. Ou então podemos, "descobrir" depois que não nos importávamos como pensávamos (gostaria de dizer que eu não acredito nisso, mas seria hipócrita, por ser algo que já aconteceu comigo). Outra coisa que aprendi com esse "baque" foi que, o passado pode ser maravilhoso, mas é apenas passado. Principalmente quando as pessoas do passado não existem mais no presente. Na maioria das vezes, ele é especial, e nunca nada poderá mudar isso. E exatamente para não estragar o quão belo ele foi, que devemos o deixar no seu devido lugar. E então eu me confundo, não sabendo se posso afirmar que não é porque não é mais presente, que deixa de ser verdadeiro. Eu ainda estou decidindo isso. 
E no final disso tudo, eu ironicamente, mas verdadeiramente, tenho que te agradecer. Como uma consequência de tanta dor, ter me achado. Me tornado quem eu sou agora, uma garota mais forte, mesmo depois das cicatrizes criadas.

PS.: Fico feliz por terminar esse texto não dizendo que quero que volte. Significa que tudo o que eu disse aí, finalmente se tornou verdade. Principalmente a parte em que digo que deixei o passado no passado, e que me tornei mais forte.

Amigos...

(...) Percebi então que, não só sentia falta do passado, dos momentos, mas também de meus velhos amigos. Aqueles amigos mesmo, que fizeram parte desse passado, e que estiveram nesses momentos. Amigo que, mesmo alguns não sendo aqueles amigos em que você conta tudo da sua vida, você sabe que pode contar. Eles vão estar ali, assim como aqueles mais íntimos. Amigos de anos... amigos especiais. Amigos que mesmo distantes, significam muito, e que agora me trazem saudade. 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Faísca com teu nome

O tempo passa, mas eu ainda te sinto aqui em mim. Naquelas velhas lembranças, ou em qualquer rosto que o meu coração faça que meu cérebro pense que seja parecido com o teu, fazendo com que algo aqui dentro pegue fogo e se aqueça novamente. Eu ainda te sinto. O problema não é apenas te sentir, é te sentir e saber que você está vivo por aí afora, e que o único lugar que eu teimo que você morra, é aqui dentro, só pras lembranças não me afogarem em um mar de desilusão. E então eu teimo em acreditar que, já que você vive por aí, nas ruas, um dia desses eu possa te encontrar e os nossos caminhos finalmente tenham um rumo juntos, novamente. Pra quê? Já que nada mais vai ser igual? Já que o tempo não volta, e as lembranças permanecem? É que não faz sentindo algum, querer que algo seja igual, sendo que não há como, sendo que pode ser diferente. E por poder ser diferente, que eu não deveria querer repetir a dose... a dose de você. Ela já está em falta há muito, mas eu ainda sinto os efeitos colaterais dessa droga que bagunça tudo que eu insisto em chamar de você. Ou melhor, desse amor que eu insisto em dizer que é teu. Mesmo sendo, em partes... bem pequenas. Não completamente, já que a maior parte eu consegui fazer com que voltasse à me pertencer. Mas ainda existe qualquer pedaço que seja teu. E que ainda é faísca aqui dentro, querendo virar fogueira. Fazendo com que eu ainda te sinta. Espero que na próxima tempestade, a água apague essa faísca. Essa faísca que tem teu nome, e que não apaga.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ouve, meu amor.

Eu sei que exijo demais das pessoas. Quero dizer, daquelas que me dizem respeito, daquelas por quais tenho apreço. Essas quero comigo vinte quatro horas por dia, sete dias por semana. Sem exceções. É que penso assim: como estou sempre disposta, também quero que estejam pra mim. Mas não é só isso, confesso ser também um capricho de uma garota mimada - não posso negar.
Mas ouve, meu amor. Eu sei que, futuramente, quando eu te encontrar, também exigirei demais de ti. Exigirei que me faças sempre sentir-me amada. Que faças com que eu sinta-me segura, e completa. Que faças com que eu não tenha medo de perder-te - um medo que sinto desde já, sem ao menos conhecer-te.
Mas, meu amor, é porquê presumo que sejas especial. Presumo que sejas quase desenhado há muito pra mim. Que sejas aquele por quem sempre procurei e por vezes esperei. Presumo que sejas aquele que irá me entender em minhas maiores complicações, e desconfianças. Que estarás sempre ali quando preocupações tomarem conta de meus pensamentos.
Mas ouve só, meu amor. É que desde já venho guardando um sentimento especial pra ti. Um sentimento que a partir de agora não entregarei para mais ninguém. Está aqui: guardado grandemente e especialmente para ti. Você sabe, meu amor... São muitos errados pelo caminho até encontrarmos o certo. E decidi que não me envolverei mais com os errados. Te esperarei, pois tenho fé que quando aparecestes saberei reconhecer. Ou talvez eu já saiba, desde já. Já sabendo que ainda não é o nosso tempo, a nossa hora. Mas quando ela chegar, saberemos. E então iremos nos reconstruir de todos os amores errados que encontramos pelo caminho, e curaremos todas as nossas cicatrizes. Só assim poderemos nos pertencer realmente. Só assim saberei que será para todo o sempre.

domingo, 4 de setembro de 2011

Sucumbir

"Eu estou sucumbindo à tudo aquilo que eu digo para não sucumbir. Estou sucumbindo de todo coração ao meu amor, pra tentar entendê-lo. Pra não o esquecer. Estou sucumbindo aos meus medos, por ter medo do novo. Por ter medo de arriscar, por ter medo da mudança. Estou querendo sucumbir, e isolar-me novamente em meu casulo, onde nada nem ninguém transcende. Querendo isolar-me no mais profundo de meu ser, mesmo tendo medo do que lá posso encontrar; mesmo tendo medo da minha escuridão. Sabendo que estou querendo sucumbindo, só por sucumbir. Sem que me valha realmente alguma coisa."

sábado, 3 de setembro de 2011

Ela era composta por amores passados, mal resolvidos; em que nem todas às vezes eles realmente a pertenceram. Mas vivia de fantasia; longe do mundo real, longe da realidade conturbada e triste, longe de todos os desgostos e lágrimas. E assim vivia, incompleta mas completa. Completa por ilusões que nunca se tornariam reais. Completa por quase-amores, quase-amigos e quase-felicidade. Quase, nunca era completa realmente. E fartara-se disso, de seus "quases". Se ela sentia verdadeiramente e completamente, porquê os outros à sua volta não conseguiam? A resposta era simples: eram completos por realidade. Como se não soubesse que realidade em demasia - assim como as ilusões -, fazia mal. E a falta de amor, é claro. Como poderia viver o ser humano sem amor? Sem esse sentimento que movia tudo? Na maioria das vezes era tudo tão rápido. Casavam-se em um ano, para no próximo ou dali uns três anos no máximo, se divorciarem. E isso de certo não era amor.
Não que o amor seja tudo, mas de certo é a maior parte.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A moça tricotava na janela logo cedo, antes das 7, observando o movimento da rua. O sol mal havia saído, e havia uma nuvem preta que encobria o local não deixando a pouca luz que tinha iluminar. Eu ficava de longe, do outro lado, observando ela observar as poucas pessoas que caminhavam na rua aquela hora. Tomava meu café sem nenhuma pressa de acabar, enquanto me distraia com qualquer coisa que via. É tudo tão silencioso, tão quieto, tão sem vontade. Olhava em volta e não tinha mais ninguém, apenas a moça tricotando alguma roupa com lã vermelha. Na rua, poucos carros. Ainda não havia luz direito. Os pombos buscavam alimento na areia do parquinho da frente. Um carro passava, mas logo se ia. A monotonia fica. Eu fico. A moça que tricota fica. Mas você se vai, mais uma vez, como toda manhã. Se vai sem dizer que volta, deixando uma enorme saudade emaranhada em meu peito.