domingo, 1 de março de 2015

sobre memórias e lugares.

"daqueles lugares guardo várias memórias
do teu riso
dos teus olhares
do seu cabelo molhado depois do banho
daquela esquina, que guarda algumas histórias.
e há também aquela padaria, que além de guardar histórias nossas,
guarda também histórias apenas minhas.
há a nossa rua, que algumas vezes por mês a lua iluminava.
lá onde te vi, te conheci.
lá onde você me fez rir.
lá onde você fez com que eu me apaixonasse.
daquelas poucas palavras ditas, e de muitas não ditas.
daquele adeus que eu não te dei.
mas não fui sem tentá-lo dizer: nossos horários não coincidiram,
e eu fui com o coração mais apertado do que queria.
mas ainda tenho em mim a nossa rua.
os nossos lugares: a minha sala e a sua sala, aquele e o seu quarto.
ainda tenho em mim as nossas memórias.
aquela da última vez que te vi, na nossa rua,
enquanto você ia para cruzar a avenida,
vestido de branco.
era como se fosse pra deixar claro mais uma e pela última vez
o que você era: meu querubim."

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A tua risada doce,
e o teu jeito, também doce,
me conquista.
Me convidas, mesmo sem saber,
a entregar esse meu coração tão batido a ti.
Mas é difícil de pensar nas dores do passado
quando me encontro ao teu lado.
É difícil de pensar, ao todo.
Me concentro em tua presença, nas tuas mãos.
Me concentro no que gostaria que fizessem.
Escrevo poemas mentalmente que depois esquecerei.
Qualquer movimento teu, por mais pequeno que seja,
tem a minha atenção.
É natural, instintivo, automático.
Me perco nos detalhes, nos teus olhos, na tua barba.
Me perco em ti.
A partir do momento em que você aparece: sou tua.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Navegar é preciso, mas viver também é preciso.

Navegar é preciso. Não só para encontrar identidade, originalidade, mas também para encontrar o seu lugar no mundo, o caminho que deve trilhar. Moldar-se, e não ser moldado. Moldar-se de forma para que possa e saiba escolher. Pois quando temos controle sobre nós mesmos, mente, corpo, emoções; quando sabemos quem somos, para onde vamos, mesmo que seja apenas uma direção, evitamos percalço. Evitamos "violências" desnecessárias. Evitamos imprevistos, sejam externos ou internos. Evitamos ser consumidos pelo mundo, sendo o contrário: o consumimos, a cada passo que damos, a cada coisa que aprendemos. Evitamos, enfim, morrer na praia. Ao menos não com tanta facilidade.

Porém, moldar-se não é tarefa fácil. Leva tempo, dedicação, esforço. Mas também não é impossível. "Pra quem tem pensamento forte / O impossível é só questão de opinião".
Falando de impossível, na história, vezes sem conta os que acreditam no impossível foram chamados de loucos. E muitas vezes estes "loucos" estavam certos. Foram loucos apenas porque foram além, nadaram contra a corrente, fizeram o impossível acontecer. Não aceitaram o que lhes foram dado, criaram, inventaram, descobriram. E, assim, hoje temos a ciência, a filosofia, a matemática. Por isso, viver também é preciso. Colocar em prática as ideias, os ideais, os ensinamentos.

Tudo o que sabemos hoje, todos os caminhos que foram abertos, foram por causa daqueles loucos, daqueles que acreditaram no impossível, que acreditaram em si e tiveram o pensamento forte. Porém toda essa mudança só foi possível porque eles foram a mudança. Porque foram contra a corrente, porque resolveram se pintar de cores em um mundo preto e branco. Moldaram-se, moldaram as suas ideias, para no fim, moldarem o mundo.

Teu nome

“Os nomes são do mundo. Mas o teu me pertencia. Aquelas poucas letras. Aquelas poucas letras que formavam um ente tão meu. Nome, corpo e alma. Era mais do que tudo isso. Palavras não são tão simples assim. Agora, num mar de nomes soltos e aleatórios, o teu é sempre o primeiro que vejo. E depois disto, mais nada. Só há o teu nome em todos os lugares. A tua figura. A minha saudade e a tua ausência. O nosso último e perduradouro laço.”