Mais um ano que se vai, e com isso vem a infalível retrospectiva do ano, as memórias do que se viveu. Vem também aquela sensação vazia de não ter feito nada do que deveria ter feito, de tempo perdido (que você continua perdendo nesse exato momento), de sonhos que parecem estar cada vez mais longe, fugindo, escapando de nossas mãos como areia.
Ter medo do velho senhor a quem chamamos de Tempo é algo que vai além da explicação, e, mesmo assim, há quem tenha. Eu, por exemplo. Tenho medo do tempo, de que ele passe rápido demais e eu não consiga fazer tudo o que eu quero, de viajar e conhecer lugares que tanto me fascinam, de aprender tudo o que tenho vontade de aprender, de conhecer todas as pessoas que quero conhecer; de me realizar. Ao mesmo tempo tenho esse medo de que o tempo passe devagar demais, e que o dia de fazer tais coisas nunca chegue. Em suma, tenho medo de uma vida frustrada, a qual o tempo terá o poder de ajudar.
Há quem diga que dezenove primaveras é pouca coisa. Mas do meu ponto de vista é exatamente tudo o que eu vivi. É muito tempo, e os últimos cinco anos passaram tão rápido que mal vi, mal me vi, mal vivi. Foi quase aquele clichê de "piscar os olhos e passou". Desconfio que é daí que vem o medo de que o resto da minha vida passe do mesmo jeito, e como foi, continue: mal viva.
Neste ano que está prestes a se iniciar faço vinte (para ser um pouco óbvia), e a ânsia que existe em mim de alcançar os meus objetivos cresce mais a cada dia que passa. Tem mais fome que qualquer fome de comida, mais sede do que qualquer sede de água. E mesmo assim não os posso alcançar de um dia para outro. Exigem paciência, paciência esta que desaparece em um mar de ansiedade quando o assunto é o futuro. E, mesmo tendo um destino certo e imutável, acabo me perdendo nas curvas da estrada, sem direção e sem que possa entender.
E é assim que se termina mais um ano. Com uma enorme ansiedade e pitadas de angústia pelo futuro, assim como boas lembranças, conversas e risadas de um passado que, por enquanto, ainda é presente.
"O seu espírito parecia ter pressa de viver num breve instante o mesmo que muitos vivem numa existência prolongada." — Charlotte Brontë in Jane Eyre.
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