domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz natal, querido.

“Eu tento entender, mas parece perda de tempo me perguntar por que eu ainda insisto em algo que já está mais do que morto. Em algo que não tem como salvar, se é que alguma vez teve. Por que eu continuo me prendendo à isto, a você, a essa maldita saudade. Porque eu já fui em frente, e voltei milhares de vezes. Eu acho que o problema é que nessas idas e vindas eu não encontrei você. Não encontrei seu afago, seu carinho, sua compreensão, seus cuidados. Deve ser porquê eu não ouvi uma palavra sua que não me doesse, e que me desse vontade de ficar. Tudo que eu ouvi todas essas vezes foi o meu coração se quebrando, uma e outra vez. E sempre.

Também já desisti de entender por que tudo teve que mudar. Por que você se foi, e não quis voltar. Eu sei, as coisas mudam. Eu mudei, você mudou. Mas por que nós tivemos que mudar? Tudo estava bem como está. Ou quase. Era suportável, era tranquilo. Desentendimentos todo mundo tem, e eles são superados. Só que nós não superamos. Houve uma quebra ali e aqui, mas você não quis reconstruir. Por que, querido? Sempre achei que fôssemos fortes o suficientes para enfrentar coisas do tipo. Por que você pensou e continua pensando diferente? Enquanto isso eu continuo aqui, batendo na mesma tecla, não esquecendo, não deixando ir.

É natal, e mesmo não comemorando realmente essa data, eu queria te desejar feliz natal. Mesmo estando nas últimas horas dessa dia, mas você não atende o telefone. No natal todo mundo acaba cedendo, por que não você? Só hoje, só pro dia terminar feliz. Só pra eu ter um motivo pra acreditar, na vida, nas pessoas. Pra acreditar que as coisas e pessoas podem valer à pena. E que apesar de tudo, você possa ser uma delas.”

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Aprendi sem a gramática que saudade não tem tradução.

De certa forma, é acolhedor olhar em volta e ver que não sou a única a sentir tanta saudade dentro do peito. Pelo contrário, ultimamente parece que o mundo se abriu ao meio e foi preenchido com saudade, nostalgia, amargura e dor. E tudo isso é tão ruim. Ver as pessoas sentindo saudades insuportáveis que não podem ser curadas; ver a amargura que toda essa saudade deixa; ver essa nostalgia sem fim que traz mais saudade, e ver o mundo cada vez mais preenchido com dor. O que tem acontecido com as pessoas? Por que ultimamente elas estão causando tanta dor às outras? É o egoísmo de pensar só em si mesmo? É machucar para não se machucar no fim? Pra quê tudo isso? Estou começando à ficar com medo. Medo de que um dia finalmente não poderei abaixar os muros que agora envolvem a minha alma e o meu coração por causa de toda essa saudade. Medo de que as pessoas se tornem cada vez mais egoístas, e machuquem cada vez mais às outras, e que no final só reste a dor. Que viver se iguale à dor. Que respirar doa profundamente, e que cada suspiro faça-me desejar para que seja o último. Dá medo de que um dia às pessoas não ‘melhorem’. É triste vê-las acabando com as outras e sequer se importar. Sequer sentir. Pois enquanto umas morrem de saudade, outras exalam arrogância. E o orgulho domina sem precisar de vencer qualquer luta que seja. E o mundo vai se tornando cinza, vai esfriando… Até congelar. E nem orgulho nem arrogância vai derreter qualquer gelo. E muito menos trazer qualquer cor de volta.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Querido,

A verdade é que já tem um bom tempo que não te escrevo… Mas aparecestes em meus sonhos esta noite. E ponderei sobre nossas velhas lembranças. Aquelas, das tardes em que passávamos juntos vendo filmes. O que eu posso dizer? Senti uma pontada de saudade. Até hoje não me esqueci de quando estávamos deitamos, e fizeste carinho em meu braço. Também não esqueço daquele abraço… o da despedida. Queria que tivesses me abraçado forte. (…) Vez ou outra sinto o teu cheiro no ar, e me lembro de ti. 
Dizem que amor verdadeiro não morre, querido. E que o primeiro também é o último. Mas como tudo isso vai se suceder? Como nos encontraremos de novo? Como a nossa história mal acabada vai recomeçar? Eu não sei, querido.  Perdoe-me meus cegos olhos através desses anos. Perdoe-me quando não fui capaz de vê-lo com outros olhos. Eu admito: a culpa inicial foi minha. Minha por fazer-te esperar tanto tempo até meu coração acordar e ver-te. E quando isso finalmente aconteceu, já estávamos tão perdidos… Tão perdidos que não soubemos fazer o nosso amor acontecer. Parecia magia, com um toque de veneno. E depois daquilo, daquela tarde que fizeste carinho em meu braço, as coisas foram se perdendo aos poucos. E eu não tive coragem suficiente para impedir que nos perdêssemos ainda mais. E então nos perdemos de nós mesmos. E ainda não nos encontramos. 
Ah, querido… Me lembro quando falastes comigo pela última vez. Parecias tão entusiasmado, mas de repente se calou, e eu não disse mais nada. E continuo não dizendo. 
Até hoje, quando vejo filmes de terror, sinto falta de você segurando a minha mão. Só porquê tenho medo e insisto em cobrir os meus olhos. E não há mais ninguém para fazer isso. Ninguém mais consegue me passar aquela segurança, ninguém mais consegue me fazer assistir à todas as cenas de olhos abertos.
Queria poder te dizer que não consigo te encaixar na categoria “velhos amores”, pois aqui dentro de mim te sinto tão recente. Parece que foi ontem que te conheci… E já faz mais que bons dez anos.
Honestamente eu espero que um dia encontremos o caminho de volta para nós mesmos, para que possamos dar continuidade ao que mal começou, e mal terminou.  Você sabe, serei sempre sua sua. Espero que continues sendo sempre meu.
Te guardo seu eterno amor.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Típico garoto

Porquê você é aquele típico garoto que gosta de rock. Que ainda não encontrou seu lugar no mundo, que se sente perdido e sozinho. Mas que tem alguns ideais e algumas certezas que não troca por nada. Que é cabeça dura, mas que tem aquele lado compreensivo (e que diz o certo na hora certa) que compensa. Aquele garoto que ninguém dá muito à primeira vista, mas quando conhece, é impossível não se apaixonar. E que, talvez, seja considerado estranho. Mas não tem problema, eu sempre gostei de garotos estranhos. E com você não seria diferente. Pouco tempo depois me vi imaginando se a sua mão quadrada se encaixaria na minha - não tão quadrada. Me vi ouvindo aquela banda que você "cantava" - e pior, me vi gostando dela. Agora quando ouço certa música, me vem você à mente. Mesmo que de longe e desfocado, mas vem. Não sei como você se enraizou aqui dentro, mas sei que se enraizou. Porque nem de jeito ou maneira consigo te tirar de mim, não totalmente. Mesmo que agora só me reste perdão e amor por ti. E alguma dorzinha aguda no fundo do peito, pra não esquecer que você não é mais presente. Que se fez passado, e que não quer futuro. E então tento me contentar com o que existiu, e que aos poucos vou me lembrando vagamente, porque tudo vai se perdendo e se desfazendo. Quem diria, garoto, que você viraria a minha vida em trezentos e sessenta graus, e me devolveria ao ponto de início: um mero conhecido desconhecido. Mas antes não havia qualquer história, e agora há. E eu a remoo toda vez que lembro que você se fez passado. E o que resta de ti é apenas aquela música. Aquela música que não esqueço.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Paredes brancas

Mal eram seis da manhã, e ainda não havia dormido. Olhava para as paredes brancas de seu quarto, e revivia algumas memórias alheias. Se lembrou de uma em especial.

- Tá com saudade? - Ele perguntava.
- Tô, e você? - Ela dizia relutante, não querendo admitir a falta insuportável que ele fazia.
- Também.

Ela queria que aquele "também" fosse o suficiente para acalentar aquele coração carente. Carente pela falta dele. Mas ela conseguia sentir a frieza na voz dele. Ele não havia feito qualquer esforço para tentar fazer com que suas palavras soassem como verdades. Aquela frieza a matava por dentro.
Mal sabia que aquela frieza estava só por começar.

Parou um momento, não conseguia e não queria digerir mais aquelas memórias. Não precisava remoelas. Não dessa vez. Mas aquelas palavras ecoavam em sua mente, em um vácuo sem fim.

- Por que você não atende?
- Sei lá. Eu gosto de ficar escutando a música que toca.
(Silêncio)
- Mas vai continuar atendendo? - Ela ainda tentava.
- Talvez.

Talvez.... Talvez.

O relógio agora marcava seis em ponto. E ela ainda continuava perdida naquela memória. Naquela memória que não se apagava. Naquele telefonema frio. Aquilo acabava com ela cada vez que lembrava. Cada vez que sentia a maldita falta dele. Cada vez que doía. Cada vez que pensava que um dia ele significara seu mundo. "Trezentos e sessenta graus" - pensou. Trezentos e sessenta graus.

Não, pára.

Quis lembrar das desculpas pedidas sem saber o porquê. Quis lembrar das milhares de desculpas sem intenção. Das milhares de palavras que fizeram sua base. Daquele aconchego que sentia, mesmo de longe. Daquela segurança. Daquela certeza de que ele sempre estaria ali. De quando ele disse que faria o que pudesse.

E agora ele era apenas uma memória. Uma maldita memória que não se apagava. Uma maldita memória que doía. Uma maldita memória que trazia saudade. Uma maldita....

Maldita? Maldita.

Queria acreditar que no fundo ela ainda teria esperanças. De que tudo se revertesse, de que ele mudasse de ideia e voltasse. Mas isso não iria acontecer, e ela sabia. Tentava se convencer de que assim era melhor, se não ficou, era porque era leve demais. E tudo que é leve demais o vento leva.
O único problema era que não havia sido o vento que o levara. Ele, por si só, se fora embora. A deixara. Não olhara pra trás. Não fizera esforço para que ela pensasse que ele ainda estaria ali, mesmo de longe. Não fizera nada.

Malditas paredes brancas daquele quarto. A encheria com outras memórias, com fotos alegres, com cores. Nada que dali por diante a fizesse lembrar dele quando batesse os olhos naquelas paredes brancas. Não teria quase-manhãs como aquela mais. Tudo mudaria. Ele não mais existiria.

Mas a quem ela queria enganar? Ele sempre existiria. Fosse pela dor, fosse pela mudança. Ele sempre iria existir dentro dela.
Mesmo que um dia não chegasse a doer, ele existiria. Existiria porque ela o amou. Existiria porque ele a fez acreditar. Existiria por tê-la cuidado. Existiria por existir. Porque ele existia. Dentro ou fora, ele existiria. Ele ainda existe. E nunca iria embora, não daquele peito. Não daquelas memórias.

Pensou bem.
Deixa as paredes brancas, ela gostava de lembrar.

sábado, 26 de novembro de 2011

Me agarro tão sofregamente à sua memória, porque não quero que sejas uma daquelas coisas que se perdem pra sempre. Que já que fostes embora, de mim não irá. Porque te guardo, te guardo de maneira tão sofrida e intensa e profunda em mim, que não tens como sair. E não quero que saias. Quero que fique, que pelo menos dentro de mim, que fique. Já é doloroso demais te perder uma vez, e não quero perder duas. Eu não deixarei que te percas de mim, sempre que puder, te assombrarei. Só para que não te esqueças, porque eu sei como a sua memória é debilitada. E que, se sentes falta, sentirás triplamente quando eu aparecer. Será quase como um castigo, até que finalmente tenhas aprendido a lição, e se entregue de uma vez por todas e volte. Volte de onde não deverias ter partido. Mas, você sabe, amor. Em mim sempre permanecerás. Até que eu não tenhas mais forças para te segurar dentro de mim tão arduamente, e você parta, também, de dentro de mim. Deixando apenas a lembrança do teu nome.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Toda essa saudade já virou clichê

Não queria dizer, mas não há por que destruir todas as boas lembranças que eu tenho. Mas também não há como lembrar delas sem saudade. Uma saudade que banhou o meu corpo por todos esses meses, e que agora descubro que não poderei secá-la de meu corpo. Que ela continuará nadando sobre minhas veias, sem que eu possa filtrá-la.

Ah, querido. Já virou tão clichê dizer que dói. Que tenho saudade. Que quero que você volte - pra minha vida. Mas é que não há mais nada para ser dito, e isso tudo é tudo o que eu sinto agora.
Quando voltastes, parece que sugou de mim toda força que havia, me viciando mais em ti. Me deixando mais a tua falta. Me matando mais um pouco. E termino de me matar querendo saber o porquê, e você, de longe, não me dizendo. E indo em frente, sumindo ao horizonte.

Tem vez que sinto vontade de esquecer tudo, e não me importar mais. Mas tem outras, que sinto vontade de voltar pra'quele tempo que você ainda era presente aqui, só pra poder te aproveitar mais.
Se soubesse que tudo seria assim, pouco tempo depois, teria dito tanto coisa. Teria feito com que você soubesse de cada palavra que tinha escrito para ti. Cada canção que tentei escrever, mas não consegui. Teria feito com que você soubesse da intensidade do sentimento que houve dentro do meu peito por você, e a sentisse.
Apesar de saber que você não mudaria de ideia, e não arriscaria. Mas eu arriscaria, por você.

Mas somos tão diferentes. Você deixa o mundo te engolir; eu engulo o mundo. E me recuso a digerir. E te vejo afogando nas águas vastas dos oceanos, enquanto, em terra, sento sobre um montinho da mesma. Então eu tento te salvar. Te jogo uma corda, te estendo um pedaço de madeira, te dou a minha mão. Porém você se recusa. Não aceita a minha ajuda. Quer morrer afogado por todas as minhas lembranças e lágrimas, e me diz pra colocar uma pedra em cima até esquecer. Ah querido, se você soubesse... Nem uma montanha seria capaz de me fazer esquecer. Das lembranças, de ti.

Mas você já se afogou, e a ultima coisa que consigo dizer, é que você não vai morrer. Não dentro de mim.

domingo, 20 de novembro de 2011

21 de novembro de 2011

Hoje vi no calendário que seu aniversário é hoje. E me lembrei de como se passaram dois anos desde que te conheci. O tempo passou tão rápido. E já se faz um ano e qualquer coisa que não te vejo. E ainda sinto saudade, da sua voz, de te ver. Mas é uma saudade calma, e já não me corrói mais como me corroeu um tempo atrás. Por mais patético que possa soar, eu ainda acho importante te escrever qualquer coisa no seu aniversário, por mais que não leia, que deixe a carta empoeirar em cima de um móvel qualquer. Porque, por mais que tempo tenha se passado, aqui dentro é quase a mesma coisa: aquele sentimento especial permanece. E é como se estivesse gravado em minha pele, como uma tatuagem, que você é o meu anjo. Só para que eu nunca esqueça - como se fosse preciso.

Esses últimos tempos não tem sido tão alegres assim. Me falta seu sorriso, pra me fazer sorrir. Tem acontecido tantas desventuras. E às vezes parece que não sou mais forte o suficiente para aguentar qualquer outra onda que venha me derrubar. Me sinto tão fraca. Daí em algumas vezes eu lembro de você. E aparece uma força que eu não tinha, pra não me deixar cair. Como dessa vez. Parece que mesmo de longe, mesmo sem saber, ainda me cuida. Ah, anjinho. Como eu queria te abraçar agora.

Se tivesse algum sentido, eu juro que pegava o telefone e te ligava pra desejar feliz aniversário. Porque, sabe se lá se essa carta vai realmente chegar em suas mãos. E seria tão bom poder ouvir a sua voz de novo. Poder te dizer em silêncio, diretamente, toda a falta que faz. Dos sorrisos, dos olhares. E claro, te desejar um maravilhoso aniversário. E mais sabedoria. E mais sorrisos. E mais felicidade. E mais amor (o meu?). E mais sorte. E te pedir duas coisas (em silêncio): não deixe de ser meu menino preso em uma casca de homem, não perde essa essência. E me promete que vai ser pra sempre o meu anjo, mesmo se não lembrar.
E então eu diria, também em silêncio, que quero te ver de novo. Mesmo que seja em outra vida.

E no final, você não entenderia nenhum dos meus silêncios.
Ou talvez entenda, porquê antes entendia. Sempre entendeu.
E aqui, do outro lado do oceano, eu imaginaria o seu belo sorriso, do outro lado da linha, se formando. E sorriria. Porque o seu sorriso sempre me fará sorrir.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Eu sempre imaginei que um dia te veria. Que um dia iria descobrir se a sua mão quadrada se encaixaria na minha - não tão quadrada. Se o seu abraço seria mesmo o melhor do mundo, como tanto imaginei. Se seria o mais acolhedor de todos, se acabaria de vez com toda essa saudade de você que tenho no peito. Se conseguiria descobrir os teus mistérios olhando em teus olhos. Pensava se você diria alguma coisa inusitada, pela qual eu não estaria esperando. E por quanto tempo eu me perderia ali, no seus braços, tentando fazer com que meu coração não batesse tão rápido dentro do peito e te assustasse. Se você se assustaria com toda a minha intensidade - que muitas vezes escondi -, sem que eu conseguisse disfarçá-la. Me perguntava como você se sentiria quando eu, timidamente, fosse te abraçar.

Eram tantos pensamentos, tantos sonhos, tantas imaginações e ilusões. A maioria delas se perdeu em toda a amargura que existiu, e as poucas que ficaram, não bastam para qualquer coisa que seja.

Mas agora também já é tarde demais.
Você disse adeus."

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Eu nunca fui boa com fins - e confesso, nem com começos. Fui feita para os meios. Porque no final é sempre aquilo: ele me deixa uma marca, e eu deixo uma marca nele, talvez não tão profunda como a que ele me deixou. Nele logo some, em mim permanece. Daí tem a saudade, as lembranças. Muitas vezes a dor. Tem a falta. Tem tudo aquilo que torna a maioria dos fins algo ruim. É sempre difícil de aceitar, de digerir. Pra mim nunca foi algo fácil, sempre me importei demais. E consequentemente, sempre doeu mais. Pra quê, atoa... Mas já era, já foi. Ainda tô no processo de digestão. Um dia ela acaba e eu aceito.


Então tem sempre os começos. Todo aquele novo ciclo. Todo aquele medo inicial de algo não dar certo, de te machucar, de doer, de te fazer mal. Comigo, na maioria das vezes, falta a coragem pra prosseguir. Pra ir pro segundo passo, pra esquecer do passado. São tantas marcas de maus começos, que eu desanimo. Prefiro meu cobertor e cappuccino na manhã fria, e filme romântico ou científico na tevê.


É que a realidade por si só desanima. As pessoas desanimam. Ou melhor, as gentes"E não é que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?" Já dizia Mafalda. Gente sem coração, gente fria, gente que não se importa. E vão criando cada vez mais um legado maior de gentes assim. Até não sobrar nenhuma pessoa pra salvar aquilo que chamávamos de humanidade. E elas - as gentes - não cansam. E as pessoas são machucadas, e ficam que nem eu: com medo de começos, sem conseguir digerir direito os finais. 

domingo, 13 de novembro de 2011

Eu não quero morrer de esperança

Não tem como ter um fim exato, sem que nem começo teve. Não, não desse jeito que você está pensando. Isto aqui não é sobre uma história de amor, com um fim. Apesar de que meu coração se perdeu entre o meio e o começo dessa história. História, que como história mesmo, não foi tão longa. É estranho dizer assim, dizer que foi isso: curta. Porque pra mim a história ainda ocorre, mesmo sendo em um só coração, em uma só alma. Mas ocorre. É que o fim é tão trágico, tão fantasma, que não dá pra acontecer. Então a história ainda vive, em mim. Talvez tenha sido um erro me agarrar com - quase - todas as forças em você. E talvez seja isso que tenha te feito partir. Ou talvez foi mais que o suficiente; talvez transbordasse. Não importa o motivo, já foi. Acabou pra um dos lados, e não há razão que traga de volta. Razão, pensamento, palavras verdadeiras ou falácias. Quem dera se algum desses te trouxesse de volta. E se voltasse, acredito que me beliscaria de cinco em cinco minutos pra acreditar que era de verdade, e não um sonho. Mas também não sonho com isso, perda de tempo. É vazio saber que não há esperanças que me impeçam de morrer durante essa espera. É perturbador, dolorido, e não cicatriza. Às vezes queria apenas seguir em frente, assim como você. Esquecer de dos dias, das madrugadas, das semanas, palavras. Esquecer de tudo. Só que não consigo, porque apesar de não ser perfeita, minha memória é tudo o que eu tenho nesse momento. E as suas memórias estão dentro da caixinha de lembranças. Tão gastas, de tanto que são relembradas. Só pra não esquecer, e doer mais um pouquinho toda essa saudade. Mas deixa pra lá. Nem toda essa chuva vai lavar essa saudade, como esses relâmpagos também não vai queima-la. E mesmo que o tempo não esteja do meu lado, e mesmo que não adiante deixar de lado, qualquer dia desses eu esqueço. Ou você volta. O mundo e a vida dão voltas. Só que eu não vou esperar, porque esperar corrói, e mata por dentro. E eu não quero morrer de esperança.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Anjo meu.

Queria dizer algo à você, mas momentaneamente parece que já disse - escrevi - tudo o que queria dizer. Mas às vezes bate essa saudade, essa saudade daquele tempo em que te tinha tão perto de mim. Daquele tempo em que você era tudo o que eu precisava. De quando você era a minha cura, sem ser o veneno. De quando você me cuidava, mesmo sem saber. Era tão maravilhoso. Você é maravilhoso, e espero de coração que saibas disso. Pensando bem, saudade passa longe de ser a palavra que se encaixa para o que eu sinto. Eu sei que parte de todo aquele amor que eu sentia se perdeu, mas também sei que algo ainda existe aqui dentro. E é um dos sentimentos mais especiais que já senti. É um carinho tão grande, por quem talvez sequer lembre de mim. Mas existe aqui dentro, e adora pulsar. Vira e mexe eu te tenho em meus sonhos e pensamentos; vira e mexe sinto essa vontade enorme de te ver. Queria tanto te dizer que você é o meu anjo da guarda, e que sinto sua falta. Queria poder te olhar nos olhos, e te fazer sentir todo esse sentimento especial que há por ti aqui dentro, por mais estranho que possa ser pra você. Mas não posso, por causa de toda essa distância. Outra coisa também não morre aqui dentro: a esperança de te ver de novo. E sei que, por mais que se passem décadas, eu ainda vou te ver novamente, e poder te dizer olhando nos olhos tudo o que eu não posso agora. Principalmente que você é o meu anjo da guarda, tão especial e sem asas. Mesmo não sendo um anjo quebrado. É simplesmente o meu anjo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ah, amor....

Ah, amor. Sua falta me dói tanto. Me consome tanto, me mata tanto. Tanto, tanto. Eu não sei porquê estou deixando tudo isso me consumir, por que to me entregando assim, de bandeja, pra toda essa saudade. Penso que já cansei, amor. Já cansei de lutar tanto contra essa saudade, contra essa falta que tanto me consome. Já cansei de lutar contra você, de dizer não. Agora pro que vier, eu digo sim. Só que não vem nada, amor. Você não vem. Nunca vem. E eu fico aqui, esperando, empoeirando, tentando não cansar e não desistir. Tentando me manter firme, com uma esperança longínqua de que você vai voltar. Mas eu sei que não vai, e te espero em vão. Eu sei que tudo o que vivi ao seu lado não vai se repetir. Que você não vai mais cuidar de mim, amor. Eu sei. Que não vai ter mais você pra me fazer rir. Que não vai ter você pra me acalmar. Eu não vou poder te acalmar, te cuidar, também. E eu queria, amor. Queria te acalentar, te abraçar, te mimar.

Ah, amor... Escrevo tudo isso com tantos pensamentos, com tantas lágrimas ainda guardadas, com tantos suspiros. É que só você, amor. Só você. Só você pra todas aquelas lembranças. Pra todos aqueles apelidos. Pra todas aquelas piadas. Só você. E por ser só você, que me dói. E dá medo, amor. De não encontrar mais ninguém que chegue ao teu alcance, ou que, por ventura, possa te superar. Dá medo que mais ninguém consiga fazer com que eu sorria, do jeito que você conseguia. Do jeito que me cuidava. Do jeito que me fazia sonhar. Mais ninguém, amor. Dá tanto medo.

Mas é verdade, amor. Eu não quero que alguém algum dia tire o seu lugar. Eu só queria que você voltasse. Voltasse e fizesse como era antes. Mas não precisa ser igual. Quem sabe melhor.
Só que você já foi, amor. Entrou numa espaçonave e foi pra outra dimensão. Quando eu só queria te embalar e te abraçar. Pra nunca mais te soltar.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Eu não sei. Eu não sei de mais nada, essa é a verdade. Seria elogio dizer que “me sinto mais perdida que cego em tiroteio”, porque passa longe. Todo dia é a mesma situação, eu não sei mais o que fazer, por onde começar. Mas o pior disso tudo é a falta de vontade de consertar o meu todo, o meu mundo. Falta toda a vontade que eu encontrava naquela companhia. Naquele abrigo. Naquele “quase-meu”. Não é pela saudade, é pela falta. Não, é pela saudade também. Pela saudade, pela falta, pelo… pelo… pelo todo. Porque todo pedaço de caminho, me leva pra’quele todo. E agora toda essa falta de sentido. Mas eu sei que não é isso que anda me derrubando. A vida por si só, sim, talvez. E acaba sendo só mais um empurrãozinho isso tudo. Mais uma peça pro quebra-cabeça. Ou melhor, mais uma peça faltando no quebra-cabeça. Acostumar a viver sem, é difícil mas se torna fácil quando se aprende. O problema é a vontade de querer. E essa é outra falta. Eu não quero. E essa marca permanente é um problema, porque sempre agoniza aqui dentro pra ser lembrada. Então eu nunca esqueço. Eu não esqueço de você, amor. Nunca uma mera lembrança, um mero passado. Nunca. Já tentei lhe dizer, tem algo aqui dentro que é especial, e tem teu nome. Mas adora me fazer mal. Adora doer. E dói. E lágrimas caem, e eu digo não. Totalmente em vão. Mas eu tento dizer. Mas então o que é especial aqui dentro, diz sim. E eu me entrego, e não consigo resistir. Depois pra lidar com tudo isso que é difícil. Não chega a ser como quando começamos a aprender a andar, ou falar, ou a ler. Chega a ser um tormento. Acordar, saber que consigo sem você, mas que não quero porque faz falta. Traz saudade. E ainda embrulhada com um laço em cima. Pra quê… Não muda em nada. Falta é falta. Saudade é saudade. E quando não se pode curar essas dores… Ai dói mais. É como se fosse o Osama Bin Laden no onze de setembro. Terroristas. Sempre fiéis terroristas; nunca falham. E o pior é quando acendem às luzes, e te vejo ali, sentando na penúltima fileira assistindo à minha peça. E penso que sequer veio me salvar quando minhas torres gêmeas foram atingidas. Ah, amor, e isso me dói. Saber que você viu a peça, e sequer aplaudiu. Sequer se comoveu. Sequer me viu. Sequer lembrou. Então me dá vontade de correr pra você, e te sacudir pedindo: “Lembra! Lembra daqueles dias, lembra daquelas palavras!” Mas quando pisco, você já não está mais ali. E a única coisa que me deixou, foi um adeus em um papel amassado e jogado no chão, com o meu nome no destinatário. Logo me sento e fecho os olhos, impedindo que as últimas-e-novas-lágrimas caiam, enquanto você termina de me atingir e as minhas torres vão se acabando no chão.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A ultima carta: Adeus.

Dessa vez eu prometo pra mim mesma ser a última carta; ser o adeus. Aquela carta que tanto queria escrever, mas que não conseguia, que não tinha coragem. Aquele adeus tanto guardado no fundo da gaveta, que não conseguia tirar. Até ele sair por si só. Quero dizer, quase por si só. Já é tarde demais pra me arrepender de todo o tempo que eu perdi, de ter me deixado levar, de ter me importado. Não tem como reverter o passado. Não tem como fazer com que toda a dor que eu senti, desapareça. Porque, em resquícios, ela ainda existe em mim. E o incrível é saber que pra você isso não existia. Que foi como se você tivesse dado pause, e quando quisesse voltar era só dar play, que tudo estaria exatamente como deixou. Pelo visto não fui a única pessoa iludida nessa história. Passado a gente não muda, nem desfaz, nem refaz. Uma vez machucada, sempre machucada. Sempre haverá aquela cicatriz, daqueles meses, por causa daquela pessoa. Mentir só piora, só faz ter raiva. E causa angustia. E quando tudo passa, fica aquele vazio, cheio de angustia. De rancor, talvez até de ódio. O tempo passa, meu caro ex amigo. Você já deveria saber que nada acontece duas vezes do mesmo jeito. Quando se encerra uma etapa, a outra vai ser diferente. Muitas vezes mais difícil, e muitas vezes essa segunda etapa sequer existe. Como com a gente. Talvez eu continue sentindo falta, às vezes. Mas pelo menos dessa vez eu vou saber que é melhor assim. Chega de gente que não dá a mínima, do meu lado. Que não faz a metade do que eu faço. Que segue a vida sem se lembrar de quem existiu nela, num passado tão recente. E se importando, não há como fazer isso. Como toda a confiança que existiu, e que agora não existe mais. Não consigo acreditar mais em você, em uma palavra que disse. Tudo se perdeu, e agora somos dois estranhos. Dois estranhos com uma história. Queria que soubesse que tudo poderia ser diferente. Que a próxima etapa, poderia existir. E talvez nem fosse próxima, fosse a mesma. Mas você preferiu fazer de outro jeito. Você preferiu encerrar essa fase sozinho, sem avisar, sem que eu sequer tivesse a chance de dizer adeus. Você preferiu mentir, sumir, fugir e fingir. E tudo isso só fez com que se criasse cicatrizes. E que essas cicatrizes sangrassem. E agora esse vazio, depois de tudo que aconteceu, me angustia. Angustiava, devo dizer. Mas agora, depois de tantos meses, o adeus finalmente foi dito. E como diz aquela música:“Tudo vai passar quando eu disser adeus”. Então não existirá mais nada. As lembranças vão se perder no tempo, como há algum tempo já acontece. E depois de tudo isso, fica a lição aprendida: nada é o que parece. E eu já deveria saber que você não seria uma exceção.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Não volta

Tudo que eu tenho pra te dizer, é: não volta. Não volta. De jeito nenhum. Continua desse jeito, continua sem lembrar, continua sem aparecer. Já fez doer muito aqui dentro, e eu não quero que doa mais. Ainda mais pra ti sendo apenas uma diversão sem importância. Então não volta. Não volta porque dói. Não volta porque eu lembro. Não volta porque traz tudo de volta. Fica onde tá, esquece daqui. Não lembra não. Eu já aprendi a me cuidar sozinha, eu já consegui caminhar de novo sem você. Não me quebra de novo não, porque apesar de tudo ainda sou de porcelana. Eu ainda quebro - quero dizer, ainda há partes para se quebrar. Deixa elas inteiras. Deixa que apareçam pessoas que realmente querem fazer meu bem, e que não doam. Então me deixa. Não volta. Esquece, e não lembra.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Deixa pra lá

Acordou logo no começo da manhã. Não tinha um primeiro pensamento, era apenas a primeira coisa que visse. Ou talvez nem isso. Talvez no banho quente, da manhã fria, lembrou de alguma coisa que não foi feita ontem à noite, e era pra já. É. Coisas mundanas. Se via um ou outro livro pela casa. A tevê não era ligada há séculos, e não se sabe exatamente porquê. Vai ver é porque tinha estragado, ou já nem valia mais à pena. Ah... Hoje em dia os programas só passam desgraças, coisas que se vê do outro lado da rua. Não é preciso de programa de televisão pra enfatizar o rumo do mundo. Queria arrumar um jeito de consertá-lo, mas não sabia como, nem por onde começar. Se trocava, fazia café. Lia o jornal, nada de interessante. Nem mesmo na seção de piadas. Pois é. Acho que ela perdeu a graça, o senso de humor. Quiçá a vida. Vai ver tinha virado apenas uma casca com conteúdo. Um fantasma ainda vivo. Não tinha definição. Era totalmente e exatamente sem definição.

Andava nas ruas. Chegava no trabalho. Cadê? Pra quê? Quem? Ah. Acabava, era apenas isso. Algumas palavras por dizer, pra não perder o contato. Só o necessário. Parecia aquelas charadas que não tem resposta, um mistério sem solução. E como tais, a muito desistiram de encontrar as soluções e respostas. Ela já nem ligava. Tinha seu mundo, e isso bastava. Mal se entendia, que dirá os outros a entenderem. Deixa pra lá, esquece isso. Nem era necessário pensar, já sabia. Pega uma xícara de café, admira a vista mais uma vez na semana. Não se cansava nunca, era a única coisa que embelezava aqueles olhos. Mas era só aquilo, dificilmente via beleza em mais alguma coisa. Ou em alguém. Apesar de querer salvar o mundo, já não acreditava nos seres humanos. Os mal feitores, de sempre à sempre. Chega.

Já era noite. E invés de céu estrelado e noite serena, tinha chuva e umidez. Filme, edredon e chocolate quente? Deixa pra lá. Isso é pros amantes. Pega um bom livro e relê. Decora mais uma vez aquela página... 47 não é? A que tinha aquelas frases que você ama, e não se cansa de ler. Só pra relembrar, pensava. Mas não era, queria manter viva a faísca em si que ainda acreditava no amor. Mas relutava e não queria admiti-lo. Não queria voltar a amar. Não queria voltar a ver beleza e cor em um mundo tão cinza e tão destruído. Já tá no fim, agora não adianta mais. Volta à página. Mas não tenta de novo.

Colocou o livro do lado, naquela enorme cama de casal. Pegou um casaco, vestiu, e se aproximou da janela. Ficou vendo - e talvez admirando - a chuva. Chuva, chuva, chuva... Lava essas ruas. Lava essas pessoas, tira o ruim de dentro delas, deixa só o bom. Quem sabe assim o mundo anda novamente. Pensava. Um pouco de esperança não fazia mal. Na medida certa, e só. Sentou na cama, olhou pro nada. Mas não pensou. Deixou a mente vagar no vazio, atoa, pra nada. Pra quê? Pra nada. Acorda do transe menina, o telefone tá tocando.

- Alô? Oi mãe. Tô bem. Comi. Ahã, pode deixar. Tá bom. Amanhã passo aí. Boa noite, dorme bem. Vou me cobrir. Tchau.

Olho pro nada mais uma vez. Mas não havia nada para pensar, sequer achar. Deixa pra lá. Deitou na cama, dormiu. Horas depois o despertador tocou. Quê? Perguntou pro nada. Olhou as horas. Eram horas iguais. Pra quê? Dá na mesma. O dia já amanheceu.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Vontade de café

É que sei lá. Deu vontade de café às quase cinco da manhã. Café pra quem passou a noite inteira acordado, noite de inverno. Fria, fria. E cadê aquele amor pra esquentar? Não, amor não. Amor machuca mais que esquenta. Medo do amor, assumo. Passei a madrugada toda ocupada pra não pensar no assunto. Confesso estar evitando, lutando contra, e tentando ao máximo não escrever sobre. É apenas uma maneira de dizer: não. Dessa vez não. Chega Tempo, passa rápido. Leva embora o que tá querendo crescer aqui dentro. E traz café pra esquentar. Café esquenta sem machucar, sem doer, sem criar cicatrizes. Então traz café. Mas por favor, sem mais memórias. Estou farta de nostalgia, e já a tenho como maldita. É passado Tempo, você mesmo ensina isso. Então deixa passar e não traz de volta. Nem passado, e nem futuro. Me deixa no presente, eu quero o presente. Me deixa viver sem ter com o quê preocupar. Me deixa viver sem perder noites de sono (como essa) pensando no assunto, ou então o evitando. Me deixa. Não há nada que me faça inteiramente bem por agora, sem pelo menos causar agonia. Então me deixa. Só traz café. Documentários, livros que não falem sobre o amor. Eu ainda acredito, Tempo. Só não quero agora, nem amanhã e nem depois de amanhã. Olha tempo, o dia já amanheceu. O café tá pronto. O frio foi embora. Não há porquê se preocupar.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Aquela vida

O pior de tudo é saber que aquela vida continua. E continua sem você. Não que eu preferia que essa vida houvesse se tornado morte, mas é que não é fácil lidar com tudo aquilo. Refazer a sua rotina, seus caminhos, enquanto a outra está totalmente tranquila. Sem um pingo de culpa, ou sequer receosa como você está. E então aquela vida continua. Continua saindo por aí e podendo sorrir à estranhos, talvez até conhecer algum deles. Você passa seu tempo imaginando como aquela vida poderia ter passado o dia, e morre por dentro se perguntando se um  novo alguém agora tem toda aquela atenção que você costumava ter. E, como já disse, isso definitivamente não é fácil. Ambas são vidas. Uma se importa, a outra já não lembra. Ou lembra, mas não se importa. E todas aquelas perguntas? Aquelas perguntas tão agonizantes, que te fazem perder o sono à noite, tentando encontrar sem sucesso uma resposta, pra pelo menos, uma delas. Mas você não encontra nenhuma pista. E pode ser que haja alguma resposta, mas você nunca irá encontrá-la. Ou pelo menos não tão cedo, afinal, já não existe o que existia antes: contato. Pelo menos direto, e satisfatório. Na verdade tudo é insatisfatório. Você chama aquela vida de maldita. Três vezes. Mas por dentro não deseja que passe pelo que você está passando por ela. Recomeçar do zero poderia ser tão fácil como dizem. Encontrar alguém então, que tampe o buraco deixado? Rá, deveria ser mole. Enquanto isso você pensa que só pode ser um puzzle incompleto, aqueles de infância sabe? Que sempre faltavam uma peça. E aquela vida era a peça. Literalmente "A" peça. A que fazia seu puzzle completo, e te dava orgulho por ter, finalmente, encontrado a peça que faltava. Por ser completa. Mas era ilusão, e aquela vida não era a sua peça final. E durante a vida você percebe isso, que sempre irão aparecer várias peças que se parecerão com a sua peça final. Mas deixa o final, pro final. Aquela vida era só mais uma alma fria.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Eu entendo como minhas vontades e sentimentos são contraditórios. Eu sei que me isolo quando não estou tão bem, e que quando perguntam o que eu tenho, eu geralmente escondo e guardo até não aguentar mais. É que eu gostaria que percebessem, invés de eu ter de falar. Eu gostaria de perceber que, quando perguntam, é porque querem verdadeiramente saber e ajudar, e não saber só por saber. Eu sei que tem gente que se importa, mas é que às vezes não parece... Eu queria que fossem como eu - ou melhor, como eu era... -, que guardassem suas dores, suas preocupações, e dessem atenção ao meu problema. Eu sei, egoísmo. Puro egoísmo.  Mas é tão bom se sentir importante pra alguém, ao ponto dessa pessoa deixar tudo de lado por você. É bom saber e sentir que não está sozinho, e não só saber. É bom sentir e poder dizer que é verdadeiro.

Me sinto tão perdida, e com tantos medos... Queria que alguém pudesse enxergar através da minha alma, e pudesse sentir isso. E que não apenas vissem superficialmente e passassem tão longe ao dizer o que eu realmente sinto.

... Mas te acalma pequena... Amanhã é outro dia, e logo você se esquece disso. De novo.

Vento de outono

O vento lá fora sopra as folhas; aqui dentro ouço uma música qualquer, para ocupar o tempo, para não pensar. Mas então essa música traz lembranças, que já não sei definir como boas ou ruins. E, aos poucos, essas lembranças vão se tornando apenas lembranças. Que chegam com a música, e vão embora com o vento do outono.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Fazia então das suas lágrimas, prisioneiras. Sem saber exatamente o porquê. Sem poder dizer exatamente o tamanho do vazio e da angústia que se alastravam dentro daquele peito. Era tudo tão oco... Tão escuro, tão amedrontador. Dava medo até nos mais destemidos, nos mais corajosos. Um escuro que dava até calafrio na espinha; você nunca saberia o que poderá encontrar. Talvez coisas tão bobas, como aquela lembrança boa de um dia qualquer, mas que mesmo assim te trazia mais angústia, mais dor. E então ela acabava se encolhendo mais ainda no canto escuro dentro de si mesma, sem se mover, sem fazer qualquer barulho. Era como se qualquer pedido de ajuda fosse em vão, fazendo apenas com que ecoasse naquela vasta escuridão. Fazia falta qualquer coisa... Talvez companhia. Alguém que fosse entender, ou que apenas ouvisse com atenção tudo o que havia à dizer. Talvez alguém pra curar toda aquela carência que parecia não ter fim, mas isso parecia tão inalcançável. Ninguém parecia estar disposto à sequer ouvir, e guardar tudo pra si mesma já a estava fazendo enlouquecer. Via rostos na multidão de pessoas que não estavam ali. Era a saudade tomando conta de cada parte daquele corpo que ainda tentava se manter são. Havia cansado de lutar, e agora se entregava como se houvesse pulado de um abismo; não havia mais volta. Não havia cavaleiros para a salvar, não haveria vida depois daquilo.
Mas a verdade é que já não vida há muito tempo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Perder-se

Era uma necessidade louca de fugir, de perder de si mesma. De não encontrá-lo, de forma alguma. Cansada das lembranças, de ouvir aquele nome no ar por alguma boca desconhecida. Cansada de qualquer coisa que se ligasse à ele, também futuramente. Daquele vazio que só fazia chorar, que insistia em ir pelo caminho que tinha aquele maldito nome. E como era maldito. Trazia tanta saudade, tanta. E agonia em dobro. Três vezes maldito. Mas ainda ficava, lembrava, doía. Fazia falta. Tentava ser achado, enquanto a única coisa que ela queria era se perder. Se perder daquilo tudo, daquela vida. De toda e qualquer lembrança, de toda e qualquer pessoa. Queria viver no desconhecido, no misterioso, no perigoso. Queria algo que a fizesse sentir viva novamente, e que não doesse. Que apenas a fizesse sentir viva, e a fizesse sorrir. Bastava, e era pouco. Tão pouco, mas que ela não tinha. E fazia falta também, se sentir viva. Fazia falta sorrisos espontâneos, fazia falta o peito preenchido por algo que só fizesse sorrir. Fazia falta a animação, o formigamento no corpo, o coração saltando de felicidade. Ou até mesmo ansiedade, mas fazia falta. Ela era feita de um terço e meio de saudade, e outro um terço e meio de dor. Não sobrava espaço pra qualquer outra coisa. E então cansada daquilo tudo, queria perder-se. Perder-se e substituir a dor pela vida. Pela felicidade, pela animação. Tudo menos amor. O amor havia se perdido com ele, e como ele, ela não queria achá-lo. E então esse seria o presente: ser feliz sem amor. Que insistia em dizer que não fazia falta, mesmo fazendo em momentos de solidão, onde aquelas palavras eram lembravas. "Eram só palavras" - Tentava se convencer. Querendo fazer com que realmente não significassem nada mais, nada do que um dia pudera talvez significar. Era hora de se perder, e já que aquela vida não mais existia, era hora de criar outra. Longe das lembranças, longe da solidão, longe de qualquer coisa que um dia a fizera mal.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Questão de Karma


Parei um minuto pra pensar: Se tudo for uma questão de Karma, e por não querer que desistam de mim, estarei errada por desistir de você? Por mais que doa mais tentar desistir e seguir em frente, mesmo que pareça em vão? Após tantas tentativas? - Apenas mais algumas perguntas pra adicionar na lista. Naquela infindável lista sem respostas.
Eu sei, eu sei. A saudade torna tudo pior, porque saudade dói. Dói e não tem remédio que alivie. Dói e não tem cura - pelo menos não agora. Dói e não volta atrás. Mas é que quando penso em você, e nos outros que possuíram meu coração… é como se eles não existissem. É como se você os fizesse virar pó, e nada mais. É como se você se tornasse o único aqui dentro. Talvez seja porquê - não sei por qual razão - tenha se tornado o mais importante, ou talvez a minha cura pra toda essa solidão. Era pra você ser a cura, certo? Mas agora você é apenas mais uma das coisas que trazem dor. Apenas… Deveria existir um jeito que eu pudesse te colocar nessa palavra, fazendo com que você significasse tão pouco, significando tanto. Mas seria apenas um jeito de tentar diminuir essa dor - apenas mais um jeito que iria, de certo, fracassar. E seria apenas mais uma palavra em que você se encaixaria, claramente não sendo a mais importante.
Às vezes, me perco em meus pensamentos, tentando descobrir um jeito disso não parecer tão difícil, como às vezes parece. Um jeito de que cada dor não me levasse direto… de volta pra você. É que tem vezes que parece que ninguém mais me entende do jeito que você parecia entender; do jeito que você conseguia me ajudar. - E então eu me fecho mais ainda em meu casulo, fazendo exatamente o contrário que você me disse. 
Só queria que alguém pudesse te substituir, não te fazendo tão único pra mim, do jeito que você era. 
Só queria que você não tivesse desistido, ou que não tivesse tornado esse caminho tão difícil de se seguir. 
Só queria que fosse mais doloroso ficar, do que realmente ir embora. E desistir. Desistir de tudo o que tenho medo. Desistir de você.
A verdade é que eu só não queria estar sozinha amanhã a noite… Era bom pensar que você estaria comigo, onde quer que estivesse. Mesmo que em pensamento, como eu costumava estar com você. 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Masoquismo emocional


Eu assumo: sou masoquista emocional. Quando você não aparece, mesmo que nas entrelinhas, faço questão de te buscar. Até que te encontro, e encontro aquela agonia, e aquela dor que não cura. Talvez porquê eu não eu deixo, talvez… 
Mas então me lembram de você, quando eu não te procuro ou você não aparece. É praticamente espontâneo, como se todo dia eu devesse lembrar de você. Ou melhor, da sua agonizante ausência. 
Já não sei como definir o que ainda existe aqui dentro por ti, na maioria das vezes parece que estou te segurando em mim com todas as minhas forças, impedindo que você realmente se vá. Talvez porquê eu não queira te esquecer, talvez… 
Mas mesmo que tenha sido por pouco tempo, quando esteve aqui realmente representou tudo. Tudo aquilo que eu precisava, e quase tive. Era você.
É cansativo, e às vezes eu realmente quero deixar tudo isso se perder. De vez. Sem mais memórias, ou palavras que te lembrem. 
Mas então eu me lembro de ti novamente. E esqueço de esquecer. E me lembro de doer, e não esqueço da saudade. Nem das memórias. Nem das palavras. Nem de você.
Não esqueço da falta, mas me lembro desse masoquismo emocional, que parece ser a única forma de ainda te ter aqui comigo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Olhos azuis

Quando eu pensava nele, a única coisa que eu conseguia lembrar eram aqueles olhos azuis. Ah, aqueles olhos azuis… Me matavam cada vez que os via. Há algo neles que faz com que eu perca a noção do tempo. Não só do tempo, da vida. Faz com que eu perca a noção de qualquer coisa, até que me reste apenas aqueles intensos e maravilhosos olhos azuis. Os quais me matavam por dentro, já mencionei? Soa tão clichê dizer que eles são um intenso mar azul. Mas não poderia deixar de dizê-lo. E complementar que a maré desse mar é revoltada, e cheia de ondas. Mas mesmo assim ainda esconde um mistério; me diz que por trás de tanta revolta, há um certo medo. Uma agonia, uma esperança. Uma esperança que traz medo, e então causa a agonia. Talvez tudo isto fique meio ou completamente confuso, mas aqueles olhos… Ah, aqueles olhos! Eles não me deixam pensar em mais nada. E todo e qualquer pensamento faz com que eu me perca mais ainda neles. Todo e qualquer pensamento vira irrelevante. Porque enquanto eu olho naqueles olhos, só eles existem. E então eles me matam por dentro. Corroem cada centímetro da minha carne, até chegar na minha alma. Acabam, quase literalmente, com todo o meu ser. 
Eu queria que aqueles olhos me dissessem mais que aquela esperança que traz medo e depois causa agonia. Eu queria que aqueles olhos me dissessem que o dia em que eu os vi pela primeira vez, não foi o dia em que comecei a abster de mim mesma. Queria que eles me dissessem que tudo isto era apenas um pesadelo que mais parecia um sonho; que todo aquele declínio era só fantasia, que eu realmente não estava me perdendo por um par de olhos azuis revoltados. E tão misteriosos. 
Eu soube, após alguns dias de observação profunda então, que tal mistério era o resultado de um segredo. Apenas um. Mas a verdade, a verdade era meio inacreditável. E não soube por aquele misterioso-revoltado-maravilhoso par de olhos azuis. Soube por aquela boca, que minutos após se deslaçar da minha, disse o que eu nunca esperava ouvir: Que o mistério, que era resultado de um segredo, era que aqueles olhos azuis (que me matavam por dentro), haviam, também, se perdido nos meus olhos tão calmos e castanhos. Ao contrário de toda aquela maré revoltada.
A verdade é que não importava as cores, e sim que a calmaria de meus olhos, acalmavam aquela maré revoltava. E que o dia que em comecei a me perder, foi também o dia que comecei a me achar. Me achar no azul tão denso daqueles olhos, que eram totalmente o oposto dos meus. 

O som de um coração partido

Você já ouviu o som de um coração quebrando? De um coração quebrado? É como um grito abafado, sem som. É como uma lágrima nunca chorada, um afago nunca tido. É como uma carência que nunca morre, uma saudade que tortura. É aquele momento em que você percebe que todos aqueles sonhos não virarão realidade. É toda a agonia de não de ser; é toda a falta que não deixa de existir. São aquelas noites perdidas; aquelas noites de insônia. Algumas vezes, pra algumas pessoas, regadas à álcool. Pra outras, regadas à lágrimas e memórias que não somem nem com um piscar de olhos, pelo contrário, aparecem mais. E ainda tem aquelas noites em discotecas, para outras. Pobres coitados. Mal sabem que se deixar sofrer no começo, é a chave pra um futuro sem dor. Quer dizer, quase sem dor. Porque se é uma carência que não morre, se é uma agonia de não ser, às vezes elas irão aparecer. Mas só às vezes, e então você supera. Mas no momento em que um coração se quebra, a única coisa que resta, naquele instante, é a solidão. O vazio, a escuridão. Todas as boas lembranças indo embora, e todas as perguntas sendo criadas. Até que encontrem a resposta, ou simplesmente percebam que não vale à pena. Mas no momento você nunca percebe. No momento a única coisa que há é a dor que não cessa no peito. É o grito que não é alto o suficiente, é você se afogando em suas próprias lágrimas. Consegue sentir, imaginar, ouvir? Era o seu próprio coração se quebrando. Ali, naquele exato minuto.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Pro dia nascer feliz


É engraçado como as coisas podem mudar, pro oposto, em um dia. Ou menos até. De repente você se sente bem, feliz, e completa (aquilo que você sempre foi). Não sente mais aquelas saudades irritantes e que sempre te deixavam pra baixo. Parece que nada ao seu redor pode estragar esse bem, essa felicidade que você está sentindo. Tudo ao seu redor muda; você se sente mais confiante, segura. Acredita até em coisas impossíveis que você já não acreditava mais, como ver alguém que você tinha achado não ser mais possível. 


É engraçado como apenas um sentimento pode mudar tudo. Mudar seu dia, sua semana, seu mês. Mesmo que não dure muito; mas mesmo assim, por você estar se sentindo daquele jeito, você irá fazer coisas que não faria, se estivesse se sentindo de outro. E irão acontecer coisas que não iriam acontecer, se você não estivesse confiante para as fazer. Às vezes são questão de minutos: você sai, e esbarra com o carinha que poderá ser um novo amigo, ou talvez, um amor. 


Sempre acreditei que tudo acontece por uma razão, e sempre tem o dedo do destino no meio. Daí vem aquele clichê: "Às vezes quando tudo dá errado, acontecem coisas, que não aconteceriam se tudo tivesse dado certo". E não é uma frase boba, caso pareça. Se você parar pra pensar, é realmente assim que as coisas acontecem. Que se não tivesse sido por aquele dia, aquela hora, aquele minuto e naqueles exatos segundos, talvez nunca aconteceriam.


P.S.: Uma  coisa boa de morar aqui: essa vista maravilhosa todo dia :)

sábado, 17 de setembro de 2011

Coisas que aprendi com você.

E venho mais uma vez falar de você - sobre você. Poderia listar, com números, quantas coisas aprendi contigo, já não sendo a primeira vez que penso nisso. Mas não quero números, quero valorizar verdadeiramente o que eu aprendi com você. Acho que, em primeiro lugar, eu tenho que dizer sobre uma tal banda. Aquela lá que tu vivia cantando uma certa música pra mim, e que quando eu ouvia, sempre era seu o meu primeiro pensamento. E hoje ainda, quando a ouço, de longe ainda lembro de ti. Foi aí que, de duas músicas que eu conhecia, eu fui conhecer um pouco da banda. Não porquê você gostava, mas sim porque eu comecei a gostar dela. E assim foi, conheci as clássicas, fui à um show, e me apaixonei por ela. Amor à primeira vista. E hoje ela é uma das minhas favoritas. Também aprendi, que eu ainda vou encontrar alguém que vai estar ali pra mim, quero dizer, eu já encontrei alguns, mas talvez alguém que foi o que você foi pra mim. Você me mostrou que eles existem, e eu ainda vou conhecê-los. 
Você reforçou algo que eu já sabia: correr atrás dos meus sonhos. E que nunca, nunca, devo desistir deles! 
Me mostrou, em partes, como era bom ser amada; ter alguém especial que sinta ciúmes de mim. Me mostrando em partes, como é bom ser "A" garota. 
E com o "baque" eu aprendi, foi que, por mais que demonstremos nos importar, não quer dizer que isso seja verdade. Pode ser apenas o resultado de uma bela atuação. Ou então podemos, "descobrir" depois que não nos importávamos como pensávamos (gostaria de dizer que eu não acredito nisso, mas seria hipócrita, por ser algo que já aconteceu comigo). Outra coisa que aprendi com esse "baque" foi que, o passado pode ser maravilhoso, mas é apenas passado. Principalmente quando as pessoas do passado não existem mais no presente. Na maioria das vezes, ele é especial, e nunca nada poderá mudar isso. E exatamente para não estragar o quão belo ele foi, que devemos o deixar no seu devido lugar. E então eu me confundo, não sabendo se posso afirmar que não é porque não é mais presente, que deixa de ser verdadeiro. Eu ainda estou decidindo isso. 
E no final disso tudo, eu ironicamente, mas verdadeiramente, tenho que te agradecer. Como uma consequência de tanta dor, ter me achado. Me tornado quem eu sou agora, uma garota mais forte, mesmo depois das cicatrizes criadas.

PS.: Fico feliz por terminar esse texto não dizendo que quero que volte. Significa que tudo o que eu disse aí, finalmente se tornou verdade. Principalmente a parte em que digo que deixei o passado no passado, e que me tornei mais forte.

Amigos...

(...) Percebi então que, não só sentia falta do passado, dos momentos, mas também de meus velhos amigos. Aqueles amigos mesmo, que fizeram parte desse passado, e que estiveram nesses momentos. Amigo que, mesmo alguns não sendo aqueles amigos em que você conta tudo da sua vida, você sabe que pode contar. Eles vão estar ali, assim como aqueles mais íntimos. Amigos de anos... amigos especiais. Amigos que mesmo distantes, significam muito, e que agora me trazem saudade. 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Faísca com teu nome

O tempo passa, mas eu ainda te sinto aqui em mim. Naquelas velhas lembranças, ou em qualquer rosto que o meu coração faça que meu cérebro pense que seja parecido com o teu, fazendo com que algo aqui dentro pegue fogo e se aqueça novamente. Eu ainda te sinto. O problema não é apenas te sentir, é te sentir e saber que você está vivo por aí afora, e que o único lugar que eu teimo que você morra, é aqui dentro, só pras lembranças não me afogarem em um mar de desilusão. E então eu teimo em acreditar que, já que você vive por aí, nas ruas, um dia desses eu possa te encontrar e os nossos caminhos finalmente tenham um rumo juntos, novamente. Pra quê? Já que nada mais vai ser igual? Já que o tempo não volta, e as lembranças permanecem? É que não faz sentindo algum, querer que algo seja igual, sendo que não há como, sendo que pode ser diferente. E por poder ser diferente, que eu não deveria querer repetir a dose... a dose de você. Ela já está em falta há muito, mas eu ainda sinto os efeitos colaterais dessa droga que bagunça tudo que eu insisto em chamar de você. Ou melhor, desse amor que eu insisto em dizer que é teu. Mesmo sendo, em partes... bem pequenas. Não completamente, já que a maior parte eu consegui fazer com que voltasse à me pertencer. Mas ainda existe qualquer pedaço que seja teu. E que ainda é faísca aqui dentro, querendo virar fogueira. Fazendo com que eu ainda te sinta. Espero que na próxima tempestade, a água apague essa faísca. Essa faísca que tem teu nome, e que não apaga.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ouve, meu amor.

Eu sei que exijo demais das pessoas. Quero dizer, daquelas que me dizem respeito, daquelas por quais tenho apreço. Essas quero comigo vinte quatro horas por dia, sete dias por semana. Sem exceções. É que penso assim: como estou sempre disposta, também quero que estejam pra mim. Mas não é só isso, confesso ser também um capricho de uma garota mimada - não posso negar.
Mas ouve, meu amor. Eu sei que, futuramente, quando eu te encontrar, também exigirei demais de ti. Exigirei que me faças sempre sentir-me amada. Que faças com que eu sinta-me segura, e completa. Que faças com que eu não tenha medo de perder-te - um medo que sinto desde já, sem ao menos conhecer-te.
Mas, meu amor, é porquê presumo que sejas especial. Presumo que sejas quase desenhado há muito pra mim. Que sejas aquele por quem sempre procurei e por vezes esperei. Presumo que sejas aquele que irá me entender em minhas maiores complicações, e desconfianças. Que estarás sempre ali quando preocupações tomarem conta de meus pensamentos.
Mas ouve só, meu amor. É que desde já venho guardando um sentimento especial pra ti. Um sentimento que a partir de agora não entregarei para mais ninguém. Está aqui: guardado grandemente e especialmente para ti. Você sabe, meu amor... São muitos errados pelo caminho até encontrarmos o certo. E decidi que não me envolverei mais com os errados. Te esperarei, pois tenho fé que quando aparecestes saberei reconhecer. Ou talvez eu já saiba, desde já. Já sabendo que ainda não é o nosso tempo, a nossa hora. Mas quando ela chegar, saberemos. E então iremos nos reconstruir de todos os amores errados que encontramos pelo caminho, e curaremos todas as nossas cicatrizes. Só assim poderemos nos pertencer realmente. Só assim saberei que será para todo o sempre.

domingo, 4 de setembro de 2011

Sucumbir

"Eu estou sucumbindo à tudo aquilo que eu digo para não sucumbir. Estou sucumbindo de todo coração ao meu amor, pra tentar entendê-lo. Pra não o esquecer. Estou sucumbindo aos meus medos, por ter medo do novo. Por ter medo de arriscar, por ter medo da mudança. Estou querendo sucumbir, e isolar-me novamente em meu casulo, onde nada nem ninguém transcende. Querendo isolar-me no mais profundo de meu ser, mesmo tendo medo do que lá posso encontrar; mesmo tendo medo da minha escuridão. Sabendo que estou querendo sucumbindo, só por sucumbir. Sem que me valha realmente alguma coisa."

sábado, 3 de setembro de 2011

Ela era composta por amores passados, mal resolvidos; em que nem todas às vezes eles realmente a pertenceram. Mas vivia de fantasia; longe do mundo real, longe da realidade conturbada e triste, longe de todos os desgostos e lágrimas. E assim vivia, incompleta mas completa. Completa por ilusões que nunca se tornariam reais. Completa por quase-amores, quase-amigos e quase-felicidade. Quase, nunca era completa realmente. E fartara-se disso, de seus "quases". Se ela sentia verdadeiramente e completamente, porquê os outros à sua volta não conseguiam? A resposta era simples: eram completos por realidade. Como se não soubesse que realidade em demasia - assim como as ilusões -, fazia mal. E a falta de amor, é claro. Como poderia viver o ser humano sem amor? Sem esse sentimento que movia tudo? Na maioria das vezes era tudo tão rápido. Casavam-se em um ano, para no próximo ou dali uns três anos no máximo, se divorciarem. E isso de certo não era amor.
Não que o amor seja tudo, mas de certo é a maior parte.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A moça tricotava na janela logo cedo, antes das 7, observando o movimento da rua. O sol mal havia saído, e havia uma nuvem preta que encobria o local não deixando a pouca luz que tinha iluminar. Eu ficava de longe, do outro lado, observando ela observar as poucas pessoas que caminhavam na rua aquela hora. Tomava meu café sem nenhuma pressa de acabar, enquanto me distraia com qualquer coisa que via. É tudo tão silencioso, tão quieto, tão sem vontade. Olhava em volta e não tinha mais ninguém, apenas a moça tricotando alguma roupa com lã vermelha. Na rua, poucos carros. Ainda não havia luz direito. Os pombos buscavam alimento na areia do parquinho da frente. Um carro passava, mas logo se ia. A monotonia fica. Eu fico. A moça que tricota fica. Mas você se vai, mais uma vez, como toda manhã. Se vai sem dizer que volta, deixando uma enorme saudade emaranhada em meu peito.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Então, que o tempo leve.

Que leve todas as coisas ruins pra longe. Longe da cabeça, longe do coração. Que filtre minhas memórias, e que deixe apenas as boas, mas com os ensinamentos que tirei das ruins. Que faça com que eu entenda de uma vez por todas que a vida é uma eterna e constante mudança. Nada fica pra sempre, nem as coisas ruins. E por mais que vezenquando o peito doa, vai passar. Assim como a alegria de sexta feira, e o tédio de domingo. Passa. Às vezes traz coisas boas, às vezes coisas ruins. Você vai sempre estar conhecendo pessoas novas em todos os lugares, e nenhum clichê possível vai ser capaz de descrever o que você sentiu quando o viu com outros olhos. Mas vai perceber que a vida é um eterno clichê. E que atitudes valem mais do que palavras, e são elas que vão permanecer e que o tempo não vai levar. Na verdade, são poucas as que realmente ficam até o fim, aquelas que mais marcaram.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Acredito que no começo é sempre a mesma coisa: ninguém quer se apaixonar. Ninguém quer estar ali, com medo de dizer o que sente e não ouvir de volta; de ter o seu coração quebrado. Ninguém quer virar dependente ou submisso à alguém (mesmo que alguns consigam controlar isso, em certo ponto você vai sim, ficar dependente de quem você ama). Ninguém quer perder o rumo - novamente - caso algo dê errado no final das contas. Mas isso até se apaixonarem - ou começarem à se apaixonar. Alguns vão lutar contra esse sentimento. Outros vão se deixar levar - metade com medo, metade se preocupando apenas em sentir. E quando se permitem, percebem que não é tão ruim assim, mesmo que algo - ou tudo - dê errado. Porque no final, é sempre assim: você aprende alguma coisa. Ou com toda a dor que sentiu, ou com a pessoa que amou. E acaba descobrindo ser mais forte que esperava, após conseguir superar. Mesmo demorando o tempo que demorar. Afinal, nem sempre - ou melhor: nunca - é fácil. Só quem sente, sabe o que tal pessoa significou para ela. Sabe o quanto amou, sabe o quanto queria que tudo tivesse dado certo. Mas o destino não quis assim, talvez pelo clichê de que lá na frente há algo melhor pra aquela pessoa. Ou talvez porque realmente não era pra ser. Muitas coisas não são pra ser, e muitas outras não são feitas pra durar. Se não tiver uma base sólida o suficiente, sentimento o suficiente, confiança e todas as outras questões envolvidas, não vai durar. Uma relação não depende só de um, depende dos dois, do casal como um todo. E se ambos não estão totalmente dispostos, não vale à pena tentar.

domingo, 28 de agosto de 2011

Paradoxo da saudade

Nunca pensei que o tempo pudesse demorar tanto pra passar, mas ao mesmo tempo passando rapidamente. É um paradoxo. Um paradoxo aonde eu encontro o tempo passando lentamente por não saber como superar toda essa sua falta, mas ao mesmo tempo, ele passa rápido. Ele não pára por qualquer motivo, nem pra ninguém. Ele não parou para o meu coração cicatrizar e se reconstituir, ele não parou para eu te superar. No mundo lá fora ele passa normalmente, mas ao mesmo tempo tão rápido, como se fossem décadas, séculos, em apenas minutos. Mas aqui dentro tudo passa tão lentamente... E é totalmente ao contrário, minutos em décadas e séculos. Esse extremo paradoxo faz com que eu me sinta estranha comigo mesma, não sabendo o que sentir, ou fazer; se devo seguir a razão ou o coração. Se devo continuar tentando seguir em frente, e abandonar de vez qualquer resquício teu em mim. Ou se devo tentar te encontrar novamente, nem que seja em sonhos. Naqueles belos sonhos, ou imaginações onde o tempo daquela época que você ainda estava aqui não passava.
Não consigo, e creio que não há como entender. O tempo simplesmente não passa pra mim. É um constante passado que não me abandona; não há qualquer presente. Só há você e as tuas lembranças ao meu redor. Teu cheiro que eu nunca senti, teu abraço que sempre sonhei, teu gosto que sempre imaginei. Nada real. E as reais, são intocáveis. Estão tão longe, que parecem imaginações, sonhos. Às vezes me pego me perguntando se tudo aquilo realmente aconteceu, então leio as tuas palavras e o paradoxo temporal volta. Volta pra jogar na minha cara que tudo aquilo é passado, que na tua vida eu sou só isso: passado. Enquanto na minha você continua sendo presente. Mais presente até que eu. Mais presente que qualquer presença minha; existe apenas a tua, pra me lembrar que você se foi... E eu fiquei. Presa nesse paradoxo temporal que só me traz saudades tuas.

sábado, 27 de agosto de 2011

Amargura do amor

Não sei em que ponto comecei a perder dos olhos a beleza do mundo. Em que ponto parei de apreciar coisas simples, e tão sensíveis. Em que ponto perdi a sensibilidade. Em que ponto deixei de ser quem era, para me tornar o que sou hoje: amarga. Digo amarga porque me sinto como uma velha ranzinza de poucos anos. É que certas coisas já não me descem mais como antes, elas simplesmente entalam na garganta - ou pior, sequer entram nela. Sinto repulsa, simples. Amor de mais, por exemplo, é algo que já não suporto. Tanto mel já não é pra mim, pelo contrário, tenho preferido o salgado ao doce. Talvez seja porque me desapaixonei, e com isso perdi à vontade que existia do mundo, e talvez, das pessoas e certas atitudes. Não só atitudes como palavras. Creio que também perdi - quase - todo o senso de humor que existia; Não tem como negar, me tornara amarga. E pior ainda: uma amargura que vem de dentro. Sequer superficial. Mas acredito que seja reversível, afinal, tanta amargura uma hora terá que se tornar doçura. Mas não doçura de mais. Tudo que é demais enjoa. Assim como enjoei do amor, porque chega uma hora que simplesmente não dá mais. O amor não lhe desce mais - ele entala, e te faz engasgar. Então você toma raiva, e enjoa. Só porque não foi como você esperava. E daí em diante as coisas vão perdendo a beleza, perdendo o gosto, a vontade. Tudo que era possível se torna impossível. Tudo o que era em conjunto se torna solitário. Solidão. Amargura. - Até que um dia, por algum milagre ou força do destino, você enxerga a beleza nos olhos de alguém. E então se apaixona. E tudo recomeça.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Era uma vez.

Como quase todas as histórias começam como "era uma vez" lá vai... Era uma vez uma história. Havia um garoto, e ele estava sempre ali ela. Sempre assistindo ela ir em frente, e entregar o seu coração àqueles que não lhe davam valor. Assistia ela chorar, oferecia o seu ombro, sempre presente por ela. E como não poderia faltar o clichê, esse garoto, um dos melhores amigos dela, era apaixonado pela tal. Mas ela não percebia, ela só o enxergava como amigo, nada mais que isso. E ele sabia, por isso se contia tanto perto dela. A vontade dele era arrancar do peito daqueles garotos os seus corações, e esmagá-los bem à frente deles. Queria que sentissem a dor que causavam nela. E ao mesmo tempo, queria cuidar dela. Tê-la em seus braços, receber os seus beijos, dormir de conchinha. Mas aqueles direitos estavam reservados ao sortudo que ganhara seu coração, e infelizmente não era ele. Era como se nada que ele fizesse para ela perceber, fosse o suficiente. Ele sentia como se nunca à alcançaria, nunca seria o bastante pra ela. Mas diferente de todo conto, este não terá final feliz. Porque na realidade, nem sempre existem finais felizes. Na verdade, eles são quase raros - e talvez finais felizes sejam uma questão de sorte. E esse garoto não teve sorte. A garota também não. Eles se apaixonaram pelas pessoas erradas, e vivem a consequência disso. Acredito que o final feliz, talvez, seja apenas um. Aquele que mesmo depois de ter o seu coração destroçado - e um dos motivos por isso é não ser correspondido -, seja conseguir levantar e seguir em frente. Afinal, não será nem a primeira nem a última vez que isso irá acontecer, e um dia, a sua sorte amorosa te encontrará.
As pessoas ultimamente fogem de companhia, por medo. Mas sempre reclamam que estão sós. Esse medo de serem enganadas, de confiarem na pessoa errada, de serem deixadas pra trás, de serem esquecidas, fazem com que se isolem cada vez mais no seu próprio mundinho. Esquecendo do mundo lá fora, esquecendo do voo das borboletas, do canto dos pássaros. Sentam e assistem à própria vida passar de camarote, com medo das pessoas, com medo de companhia. Com medo de arriscarem, e algo dar errado. As pessoas ultimamente vivem com medo, ou melhor, paralisam a vida por medo. Sentam e esperam por algo acontecer, quando nada acontece.

A verdade é que algo só vai acontecer se elas se levantarem da onde estiverem, e irem atrás. A verdade é que, apesar do medo, temos que correr o risco. E se algo for pra dar errado, que dê. Quem sabe na próxima dá certo? A coisa é não parar de arriscar, de ir atrás, de viver. Porque a vida é só uma, e não adianta você "viver" como um morto vivo sem aproveitar nada.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Falta mais ou menos um mês pra completar um ano de saudades de você. Pra completar um ano que não te vejo, que não escuto a sua voz, que não olho em teus olhos. Que não sorrio ao te encontrar por acaso na esquina da nossa rua, ou quando te via no bar, ou quando você finalmente chegava a noite. Melhor ainda, quando você chegava domingo a noite, após meu final de semana ser regado a agonia por saudades suas. Era tão mágico como você sumia com a minha dor em segundos, como meu dia se fazia melhor só por eu ter te visto. Era dependência, era. Talvez um pouco de obsessão. Mas era você. Era teu sorriso. Era teu olhar. Era teu cabelo molhado após o banho, ou seco e bagunçado. Era a tua voz, era as tuas gracinhas. Era você perfeito mesmo com todos os teus defeitos. Era você cantando pra mim. Era você tentando tocar violão pra mim naquela serenata ‘improvisada’. Era aquela vez que você me deu boa noite e mandou um beijo. Era você fazendo a minha vida preta e branca se tornar colorida. Era teu sorriso que me fazia sorrir quando meu olhar cruzava com o teu. Era eu te dando boa noite toda noite. Era eu sonhando contigo noites diretas quando você não estava ali. Era eu saindo e já desejando voltar pra te ver. Era você, e mil vezes você. Aquele menino-homem que me conquistou pelo olhar. Que me conquistou pelas gracinhas. Que me conquistou pelo jeito de desbravar a vida de peito aberto e sem medo algum. E agora já não resta mais nada. Já não te vejo, não te sinto, não te ouço. Não há sorrisos feitos por você. Já não há mais eu na janela esperando pra te ver. Já não há você na janela esperando pra me ver. Já não há as músicas, os olhares. Os encontros repentinos por aí. A dor do meu peito sendo arrancada pelo teu olhar. Você, eu. Metros, quilômentos, milhas… Oceano. E apenas as lembranças que restaram de você. 
(antigo)

domingo, 21 de agosto de 2011

Menino...


 Hoje, ao meio da madrugada, completando mais um mês da sua ausência presente, percebi que não importa quanto tempo passe - e irá passar -, você sempre estará presente em mim. A ironia é que, já se passou mais tempo da sua presença ausente, do que quando tive realmente a sua presença na minha vida. Mas não importa… Não importa quanto tempo passe, e o quanto eu relute pra dizer que não, eu estou - e daqui há algum tempo eu ainda vou estar - esperando você voltar.
     É meio estranho, alguém ter tanta importância na vida da gente, e se quer estar presente nela. É estranho amarmos alguém que, talvez, sequer conhecemos direito. Quer dizer… Conhecia. É estranho pensar que tudo mudou tão de repente, e eu não estou mais na sua vida. É estranho pensar que não importe quanto tempo passe, as lembranças nunca serão meras lembranças. Serão sempre a parte de ti que carrego comigo, pra onde for, no mais profundo do meu coração. É estranho pensar que apesar de tudo, te queria ao meu lado agora, me abraçando, e dizendo que toda essa confusão irá passar e tudo ficará bem novamente - mesmo que isso não seja verdade, só de te ouvir dizendo isso, me acalmaria, como sempre acalmou. 
     Percebi também, que não importa quantas cartas eu escreva, a saudade nunca irá por completo. E mesmo que se vá, sempre renasce, como uma fênix no meu coração. Uma fênix com o seu nome, e o sobrenome saudade. Também já deixei de querer encontrar respostas que não existem, para perguntas perdidas no ar, no seu silêncio. Ah… Esse silêncio me angustia tanto, menino. Mas você não se importa, como um dia se importou. E o meu problema é ter me contentado com isso. Me contentado a viver das lembranças que por mais que eu insista, não se perdem no tempo. Na verdade, eu que me perdi no tempo. No tempo das tuas lembranças, menino. Só pra fazer com que você viva em mim, de novo. Só pra fingir que você ainda está aqui, que eu ainda posso contar contigo. Só pra fingir que você vai me acalmar quando eu tiver um pesadelo no meio da tarde. 
     Mas de uma coisa eu consegui esquecer: da dor. É… A dor não existe mais em mim. Agora o que me angustia, também, é todo esse vazio que ficou. O vazio do lugar que você preenchia quando estava totalmente presente, e não só nas lembranças. E esse vazio dói mais que a dor que você me causava antes. Todo esse vazio, esse silêncio, essa falta de respostas, essa falta da sua presença, da sua voz, de você. De tudo o que eu queria ter de você um dia, mas nunca tive. 
     É meio vago, sabe menino… Só conseguir escrever sobre a saudade. Sobre toda essa falta que você deixou, sobre a minha metade inteira que você não devolveu. Sobre toda essa falta de sentimentos aqui dentro. Quero dizer, a falta de sentimentos a não ser o resquício de amor que quase senti por ti um dia. Aquele sentimento tava ficando tão forte… Mas então você partiu. Partiu, e não me levou contigo. E insistiu em deixar todas as lembranças, pra me torturarem. Pra remoer toda essa saudade, pra não deixar que você morra em mim. Mas então você não morre….
     A verdade é que quem morre sou eu. Aos poucos, a cada nova lembrança, a cada dor do vazio que agora ocupa o meu peito. A cada lágrima que insiste em cair com o teu nome durante a noite, enquanto você dorme tranquilamente. A cada vez que penso em te ligar, mas sou obrigada a perceber que não vale mais à pena. Porque você seguiu com a sua vida. Enquanto eu parei no tempo, esperando a sua volta, e convivendo com todas as lembranças do que um dia existiu. E não existe mais.

Mary


Mary vivia em uma cidade grande, desde pequena, desde quando se lembrava - sempre. Mas por incrível que pareça não gostava de ali viver. Mary não pertencia à um só lugar, Mary pertencia ao mundo. Sonhava noite e dia em viajar o mundo, conhecer os lugares das fotos que via nas revistas. Aqueles maravilhosos lugares. Sonhava em viver uma aventura no Egito, um romance na França, e se perder no tempo em Roma. Passava o dia à imaginar sua vida como nos livros que lia. Eles faziam com que a realidade fosse insuficiente para ela. Precisava de doce, de salgado, de aventura ou desventuras, de romance… De emoção. Sua vida parada e sem graça já não mais a animava. O único problema é que ela já havia se acostumado com toda aquela monotonia de sempre. E, na verdade, tinha medo de sair da sua rotina cansativa de sempre. Tinha medo de viver. Por mais que sonhasse e imaginasse, tinha medo de se aventurar. Tinha medo. Por isso mergulhava nos livros de cabeça, tentando preencher a sua pobre realidade com alguma aventura. Tentando fazer o seu final feliz envolto de aventuras que não eram suas. Tentando viver através daquelas histórias que não pertenciam à sua realidade. Se sentia covarde por não ter coragem suficiente para deixar o seu medo de viver de lado, e ir em busca do que sempre sonhara. “Talvez um dia…. Talvez um dia.” - Pensava, mais uma vez empurrando com a barriga o que deveria fazer agora: Criar coragem.
Mary andava distraída pelas ruas. Sempre fora assim, sonhadora, distraída. E quase sempre insatisfeita, por não conseguir ir atrás das coisas que queria. 

Abaixou pra amarrar o seu Oxford que por um mistério havia se desamarrado - não era costume disso acontecer.
Ao levantar esbarrou em um moço que ali passava. O tempo parou. Mary reparava no rapaz: Vinte e poucos anos - assim com ela -, alguns centímetros mais alto - talvez uns seis -, lindos olhos castanhos escuros, que naquele momento brilhavam. E um cabelo nem tão grande, nem tão curto, castanho claro. Ideal. 
Ela se desculpou, e o moço de nome indecifrável apenas sorriu e continuou a andar. O mundo voltava a andar. Tomou aquilo como um sinal: Era hora de perder o medo e fazer tudo o que sempre quis. E começaria naquele dia.
Chegou em casa, ligou o computador, e procurou passagens para realizar seu sonho. Começaria por Roma, seguiria então para o Egito, e por último iria para a França. E que o Coliseu, as Pirâmides e a Torre Eiffel à esperassem! Lá ia Mary realizar seus sonhos de anos.

sábado, 20 de agosto de 2011

É que dói um pouco ver uma foto sua. Tudo bem, eu confesso... Dói muito. Dói porque trás de volta todo aquele passado que devia ser memorável, mas por si só já trás dor. Pelo que deveria ter sido, e não foi. E exatamente por não ter sido que trás dor em dobro. Mas o pior é saber que não vai voltar à acontecer, e que, dificilmente agora, nossos destinos irão se cruzar novamente. E então dói triplamente por isso. Confesso, tem qualquer resquício de sentimento por ti aqui dentro, afinal, sou completa por amores passados e não feitos. E eu gostaria de poder te fazer meu, de dar as mãos com você de novo, e de poder dizer um dia que te amei e fui correspondida como se deve ser. Mas não. E agora o meu peito deixou de querer sentir por essa dor momentânea. Sei que a ferida que abriu em mim não cicatrizou por completo, mesmo após tantos anos. E também sei que apesar de tudo, ela só cicatrizará por completo, quando o meu coração puder te chamar de meu, e só meu. Desisto de tentar, é querer dar murro em ponta de faca. Não vale à pena. Sigo como venho seguindo, fingindo não lembrar do passado, fingindo que não existe esse resquício aqui dentro. Fingindo que nunca te conheci, e que não quero e nem tenho esperanças de que um dia o meu caminho cruze com o teu novamente. Espero.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

História sem fim

É como se não houvesse um fim. Como se nenhum “adeus” fosse preciso. Sempre reticências, nunca um ponto final definitivo. Nunca você indo embora de verdade… Quero dizer, de dentro de mim. Você está sempre indo, e eu querendo ou não, você está sempre voltando. Já ensaiei e criei mil e um finais definitivos, mas nenhum deles foram completados com sucesso, por mais que eu queira e dê o meu máximo. Sempre sobra qualquer resquício seu pra continuar contando essa história sem fim. Quer dizer, a minha história sem fim, com você de coadjuvante ausente presente, querendo se tornar o personagem principal. Vê se pode, personagem principal na minha vida - sendo que quem deveria ocupar esse papel, sou eu! - Mas mesmo assim, sempre indo. Sempre sobrando a falta dos velhos tempos memoráveis que trazem saudade. Não entendo porque continua voltando. Se quer ir, vá. Mas não volte. Prometo não te procurar, contanto que devolva a minha metade quase inteira que lhe dei. É pra sempre: Adeus.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vida sem gosto


- Então você está, de fato, a querer e a esperar ansiosamente pela morte? - Perguntava aquele homem de estatura média, com um pouco mais que trinta e cinco anos, de cabelos castanhos claros, de nome Tiago.
- Sim. A vida já não mais me pertence. - E Laura se calava novamente.

Laura era jovem, havia poucos meses que tinha completado vinte e três anos. Não era muito alta, mas tinha quase uma estatura mediana. Era desenhista, e parecia levar uma vida boa e tranquila. Parecia incrivelmente feliz todos os dias, sempre animada e cumprimentando todos os conhecidos que via.
Tiago agora olhava atentamente para ela, tentando rever o que dela conhecia, e que descobrira agora. Como poderia ele acreditar? Aquelas novas informações simplesmente não se encaixavam. Mas agora tinha no olhar uma ternura. Uma ternura por aquela garota que mal conhecia. Tinha vontade de aninhar teus cabelos, e pedir pra ela desejar pela vida novamente, e não mais pela morte. Tinha vontade de cuidá-la, e não que ele quisesse fazer dela sua, mas queria tê-la por perto sempre que pudesse. De alguma forma, ela lhe trazia uma paz de espírito que ele só sentira uma vez na vida.

- E porque achas isso?
- Pelo simples fato de que nada mais me satisfaz. A vida não tem mais gosto, assim como a comida, como qualquer lazer, como qualquer distração. Sequer um amor me satisfaz. Nada mais parece sustentável. Nada mais parece valer à pena.
- De certa forma te compreendo. Nos meus trinta e sete anos de vida, já passei por fases parecidas como essa que você está passando agora. Mas não desejei pela morte, apenas… parei no tempo. Me esqueci como era viver. Dizia viver, mas apenas sobrevivia, me agarrando cada vez mais à um passado que não existia. Enfim, essa fase obscura passou, e agora estou aqui. Se quiser, posso lhe ajudar… - Dizia Tiago, ao relembrar que na fase obscura pela qual passara, ninguém lhe estendeu a mão em ajuda.
- Não sei se deve perder o teu tempo comigo. Digo, você deve ser um homem ocupado, e eu, uma simples garota que espera pela morte, não o devo ocupar. Não vale à pena você o gastá-lo comigo.
- De forma alguma, Laura. - Dizia Tiago em um tom mais sério. - Qualquer vida vale à pena. Você acredita que todos viemos por um propósito?
- Acredito, quer dizer, acreditava. Passado. Agora já não sei de mais nada…
- Pois então, quem sabe o meu propósito seja te ajudar? Quem sabe até te salvar dessa tua vida sem gosto. Talvez não seja por acaso que te encontrei aqui justo agora.
- Quem sabe… Eu só não quero lhe incomodar. A última coisa que você provavelmente precisa é de uma suicida na sua vida. - Laura ri.

Tiago observa Laura rir. Ela tem um sorriso tão doce. Queria poder descrever a paz que aquela presença lhe trazia.

- Não vai incomodar, relaxe. E se incomodar, eu lhe digo. - Tiago agora também ri. - Brincadeira. - Tiago estende a mão, para Laura se levantar.

Laura que antes estava sentada no chão da garagem do prédio de ambos, agora estava com a roupa um pouco suja. Tiago olhou atentamente ela se levantar, e ao olhar de perto para o rosto dela percebeu que havia caído ali algumas lágrimas. Passou o mão em seu rosto, de leve, para secá-lo. Reparava agora que Laura tinha lindos olhos verdes, que contrastavam perfeitamente com o cabelo ruivo e com sua pele extremamente branca. “Ela é realmente muito bonita” pensava. 

- E então…? - Dizia Laura, como que quebrando o próprio encanto.
- E então que agora vou te levar no parque de diversões mais próximo! A partir de hoje a tua vida começará a ter gosto. E que tal o gosto de algodão doce? - Tiago sorriu docemente.
- Perfeito! - Laura retribuiu o sorriso com a mesma doçura.

E então, a partir daquele dia Tiago tornara-se o melhor amigo de Laura, e vice versa. E daquele instante em diante, foram felizes para sempre… Ou melhor, foram felizes para a vida.

Ps: Gostastes do conto? Ele está a concorrer no "Eu amo escrever". Fiques livre para votar: clique aqui. E se não for pedir demais, divulgue aos amigos :) Beijos e obrigada.