domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz natal, querido.

“Eu tento entender, mas parece perda de tempo me perguntar por que eu ainda insisto em algo que já está mais do que morto. Em algo que não tem como salvar, se é que alguma vez teve. Por que eu continuo me prendendo à isto, a você, a essa maldita saudade. Porque eu já fui em frente, e voltei milhares de vezes. Eu acho que o problema é que nessas idas e vindas eu não encontrei você. Não encontrei seu afago, seu carinho, sua compreensão, seus cuidados. Deve ser porquê eu não ouvi uma palavra sua que não me doesse, e que me desse vontade de ficar. Tudo que eu ouvi todas essas vezes foi o meu coração se quebrando, uma e outra vez. E sempre.

Também já desisti de entender por que tudo teve que mudar. Por que você se foi, e não quis voltar. Eu sei, as coisas mudam. Eu mudei, você mudou. Mas por que nós tivemos que mudar? Tudo estava bem como está. Ou quase. Era suportável, era tranquilo. Desentendimentos todo mundo tem, e eles são superados. Só que nós não superamos. Houve uma quebra ali e aqui, mas você não quis reconstruir. Por que, querido? Sempre achei que fôssemos fortes o suficientes para enfrentar coisas do tipo. Por que você pensou e continua pensando diferente? Enquanto isso eu continuo aqui, batendo na mesma tecla, não esquecendo, não deixando ir.

É natal, e mesmo não comemorando realmente essa data, eu queria te desejar feliz natal. Mesmo estando nas últimas horas dessa dia, mas você não atende o telefone. No natal todo mundo acaba cedendo, por que não você? Só hoje, só pro dia terminar feliz. Só pra eu ter um motivo pra acreditar, na vida, nas pessoas. Pra acreditar que as coisas e pessoas podem valer à pena. E que apesar de tudo, você possa ser uma delas.”

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Aprendi sem a gramática que saudade não tem tradução.

De certa forma, é acolhedor olhar em volta e ver que não sou a única a sentir tanta saudade dentro do peito. Pelo contrário, ultimamente parece que o mundo se abriu ao meio e foi preenchido com saudade, nostalgia, amargura e dor. E tudo isso é tão ruim. Ver as pessoas sentindo saudades insuportáveis que não podem ser curadas; ver a amargura que toda essa saudade deixa; ver essa nostalgia sem fim que traz mais saudade, e ver o mundo cada vez mais preenchido com dor. O que tem acontecido com as pessoas? Por que ultimamente elas estão causando tanta dor às outras? É o egoísmo de pensar só em si mesmo? É machucar para não se machucar no fim? Pra quê tudo isso? Estou começando à ficar com medo. Medo de que um dia finalmente não poderei abaixar os muros que agora envolvem a minha alma e o meu coração por causa de toda essa saudade. Medo de que as pessoas se tornem cada vez mais egoístas, e machuquem cada vez mais às outras, e que no final só reste a dor. Que viver se iguale à dor. Que respirar doa profundamente, e que cada suspiro faça-me desejar para que seja o último. Dá medo de que um dia às pessoas não ‘melhorem’. É triste vê-las acabando com as outras e sequer se importar. Sequer sentir. Pois enquanto umas morrem de saudade, outras exalam arrogância. E o orgulho domina sem precisar de vencer qualquer luta que seja. E o mundo vai se tornando cinza, vai esfriando… Até congelar. E nem orgulho nem arrogância vai derreter qualquer gelo. E muito menos trazer qualquer cor de volta.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Querido,

A verdade é que já tem um bom tempo que não te escrevo… Mas aparecestes em meus sonhos esta noite. E ponderei sobre nossas velhas lembranças. Aquelas, das tardes em que passávamos juntos vendo filmes. O que eu posso dizer? Senti uma pontada de saudade. Até hoje não me esqueci de quando estávamos deitamos, e fizeste carinho em meu braço. Também não esqueço daquele abraço… o da despedida. Queria que tivesses me abraçado forte. (…) Vez ou outra sinto o teu cheiro no ar, e me lembro de ti. 
Dizem que amor verdadeiro não morre, querido. E que o primeiro também é o último. Mas como tudo isso vai se suceder? Como nos encontraremos de novo? Como a nossa história mal acabada vai recomeçar? Eu não sei, querido.  Perdoe-me meus cegos olhos através desses anos. Perdoe-me quando não fui capaz de vê-lo com outros olhos. Eu admito: a culpa inicial foi minha. Minha por fazer-te esperar tanto tempo até meu coração acordar e ver-te. E quando isso finalmente aconteceu, já estávamos tão perdidos… Tão perdidos que não soubemos fazer o nosso amor acontecer. Parecia magia, com um toque de veneno. E depois daquilo, daquela tarde que fizeste carinho em meu braço, as coisas foram se perdendo aos poucos. E eu não tive coragem suficiente para impedir que nos perdêssemos ainda mais. E então nos perdemos de nós mesmos. E ainda não nos encontramos. 
Ah, querido… Me lembro quando falastes comigo pela última vez. Parecias tão entusiasmado, mas de repente se calou, e eu não disse mais nada. E continuo não dizendo. 
Até hoje, quando vejo filmes de terror, sinto falta de você segurando a minha mão. Só porquê tenho medo e insisto em cobrir os meus olhos. E não há mais ninguém para fazer isso. Ninguém mais consegue me passar aquela segurança, ninguém mais consegue me fazer assistir à todas as cenas de olhos abertos.
Queria poder te dizer que não consigo te encaixar na categoria “velhos amores”, pois aqui dentro de mim te sinto tão recente. Parece que foi ontem que te conheci… E já faz mais que bons dez anos.
Honestamente eu espero que um dia encontremos o caminho de volta para nós mesmos, para que possamos dar continuidade ao que mal começou, e mal terminou.  Você sabe, serei sempre sua sua. Espero que continues sendo sempre meu.
Te guardo seu eterno amor.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Típico garoto

Porquê você é aquele típico garoto que gosta de rock. Que ainda não encontrou seu lugar no mundo, que se sente perdido e sozinho. Mas que tem alguns ideais e algumas certezas que não troca por nada. Que é cabeça dura, mas que tem aquele lado compreensivo (e que diz o certo na hora certa) que compensa. Aquele garoto que ninguém dá muito à primeira vista, mas quando conhece, é impossível não se apaixonar. E que, talvez, seja considerado estranho. Mas não tem problema, eu sempre gostei de garotos estranhos. E com você não seria diferente. Pouco tempo depois me vi imaginando se a sua mão quadrada se encaixaria na minha - não tão quadrada. Me vi ouvindo aquela banda que você "cantava" - e pior, me vi gostando dela. Agora quando ouço certa música, me vem você à mente. Mesmo que de longe e desfocado, mas vem. Não sei como você se enraizou aqui dentro, mas sei que se enraizou. Porque nem de jeito ou maneira consigo te tirar de mim, não totalmente. Mesmo que agora só me reste perdão e amor por ti. E alguma dorzinha aguda no fundo do peito, pra não esquecer que você não é mais presente. Que se fez passado, e que não quer futuro. E então tento me contentar com o que existiu, e que aos poucos vou me lembrando vagamente, porque tudo vai se perdendo e se desfazendo. Quem diria, garoto, que você viraria a minha vida em trezentos e sessenta graus, e me devolveria ao ponto de início: um mero conhecido desconhecido. Mas antes não havia qualquer história, e agora há. E eu a remoo toda vez que lembro que você se fez passado. E o que resta de ti é apenas aquela música. Aquela música que não esqueço.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Paredes brancas

Mal eram seis da manhã, e ainda não havia dormido. Olhava para as paredes brancas de seu quarto, e revivia algumas memórias alheias. Se lembrou de uma em especial.

- Tá com saudade? - Ele perguntava.
- Tô, e você? - Ela dizia relutante, não querendo admitir a falta insuportável que ele fazia.
- Também.

Ela queria que aquele "também" fosse o suficiente para acalentar aquele coração carente. Carente pela falta dele. Mas ela conseguia sentir a frieza na voz dele. Ele não havia feito qualquer esforço para tentar fazer com que suas palavras soassem como verdades. Aquela frieza a matava por dentro.
Mal sabia que aquela frieza estava só por começar.

Parou um momento, não conseguia e não queria digerir mais aquelas memórias. Não precisava remoelas. Não dessa vez. Mas aquelas palavras ecoavam em sua mente, em um vácuo sem fim.

- Por que você não atende?
- Sei lá. Eu gosto de ficar escutando a música que toca.
(Silêncio)
- Mas vai continuar atendendo? - Ela ainda tentava.
- Talvez.

Talvez.... Talvez.

O relógio agora marcava seis em ponto. E ela ainda continuava perdida naquela memória. Naquela memória que não se apagava. Naquele telefonema frio. Aquilo acabava com ela cada vez que lembrava. Cada vez que sentia a maldita falta dele. Cada vez que doía. Cada vez que pensava que um dia ele significara seu mundo. "Trezentos e sessenta graus" - pensou. Trezentos e sessenta graus.

Não, pára.

Quis lembrar das desculpas pedidas sem saber o porquê. Quis lembrar das milhares de desculpas sem intenção. Das milhares de palavras que fizeram sua base. Daquele aconchego que sentia, mesmo de longe. Daquela segurança. Daquela certeza de que ele sempre estaria ali. De quando ele disse que faria o que pudesse.

E agora ele era apenas uma memória. Uma maldita memória que não se apagava. Uma maldita memória que doía. Uma maldita memória que trazia saudade. Uma maldita....

Maldita? Maldita.

Queria acreditar que no fundo ela ainda teria esperanças. De que tudo se revertesse, de que ele mudasse de ideia e voltasse. Mas isso não iria acontecer, e ela sabia. Tentava se convencer de que assim era melhor, se não ficou, era porque era leve demais. E tudo que é leve demais o vento leva.
O único problema era que não havia sido o vento que o levara. Ele, por si só, se fora embora. A deixara. Não olhara pra trás. Não fizera esforço para que ela pensasse que ele ainda estaria ali, mesmo de longe. Não fizera nada.

Malditas paredes brancas daquele quarto. A encheria com outras memórias, com fotos alegres, com cores. Nada que dali por diante a fizesse lembrar dele quando batesse os olhos naquelas paredes brancas. Não teria quase-manhãs como aquela mais. Tudo mudaria. Ele não mais existiria.

Mas a quem ela queria enganar? Ele sempre existiria. Fosse pela dor, fosse pela mudança. Ele sempre iria existir dentro dela.
Mesmo que um dia não chegasse a doer, ele existiria. Existiria porque ela o amou. Existiria porque ele a fez acreditar. Existiria por tê-la cuidado. Existiria por existir. Porque ele existia. Dentro ou fora, ele existiria. Ele ainda existe. E nunca iria embora, não daquele peito. Não daquelas memórias.

Pensou bem.
Deixa as paredes brancas, ela gostava de lembrar.