sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Fazia então das suas lágrimas, prisioneiras. Sem saber exatamente o porquê. Sem poder dizer exatamente o tamanho do vazio e da angústia que se alastravam dentro daquele peito. Era tudo tão oco... Tão escuro, tão amedrontador. Dava medo até nos mais destemidos, nos mais corajosos. Um escuro que dava até calafrio na espinha; você nunca saberia o que poderá encontrar. Talvez coisas tão bobas, como aquela lembrança boa de um dia qualquer, mas que mesmo assim te trazia mais angústia, mais dor. E então ela acabava se encolhendo mais ainda no canto escuro dentro de si mesma, sem se mover, sem fazer qualquer barulho. Era como se qualquer pedido de ajuda fosse em vão, fazendo apenas com que ecoasse naquela vasta escuridão. Fazia falta qualquer coisa... Talvez companhia. Alguém que fosse entender, ou que apenas ouvisse com atenção tudo o que havia à dizer. Talvez alguém pra curar toda aquela carência que parecia não ter fim, mas isso parecia tão inalcançável. Ninguém parecia estar disposto à sequer ouvir, e guardar tudo pra si mesma já a estava fazendo enlouquecer. Via rostos na multidão de pessoas que não estavam ali. Era a saudade tomando conta de cada parte daquele corpo que ainda tentava se manter são. Havia cansado de lutar, e agora se entregava como se houvesse pulado de um abismo; não havia mais volta. Não havia cavaleiros para a salvar, não haveria vida depois daquilo.
Mas a verdade é que já não vida há muito tempo.

Um comentário:

  1. Quando ela soube permitir que as lágrimas não mais prisioneiras fossem, deixou-as correr e desaguar no mar. O peso de cada uma que não a permitia levantar a cabeça e olhar para o horizonte, era lembrança de ontem. Conseguiu caminhar. O sol a lhe aquecer era sua companhia. Era disso que precisava pra aquecer o coração.

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