quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Perder-se
Era uma necessidade louca de fugir, de perder de si mesma. De não encontrá-lo, de forma alguma. Cansada das lembranças, de ouvir aquele nome no ar por alguma boca desconhecida. Cansada de qualquer coisa que se ligasse à ele, também futuramente. Daquele vazio que só fazia chorar, que insistia em ir pelo caminho que tinha aquele maldito nome. E como era maldito. Trazia tanta saudade, tanta. E agonia em dobro. Três vezes maldito. Mas ainda ficava, lembrava, doía. Fazia falta. Tentava ser achado, enquanto a única coisa que ela queria era se perder. Se perder daquilo tudo, daquela vida. De toda e qualquer lembrança, de toda e qualquer pessoa. Queria viver no desconhecido, no misterioso, no perigoso. Queria algo que a fizesse sentir viva novamente, e que não doesse. Que apenas a fizesse sentir viva, e a fizesse sorrir. Bastava, e era pouco. Tão pouco, mas que ela não tinha. E fazia falta também, se sentir viva. Fazia falta sorrisos espontâneos, fazia falta o peito preenchido por algo que só fizesse sorrir. Fazia falta a animação, o formigamento no corpo, o coração saltando de felicidade. Ou até mesmo ansiedade, mas fazia falta. Ela era feita de um terço e meio de saudade, e outro um terço e meio de dor. Não sobrava espaço pra qualquer outra coisa. E então cansada daquilo tudo, queria perder-se. Perder-se e substituir a dor pela vida. Pela felicidade, pela animação. Tudo menos amor. O amor havia se perdido com ele, e como ele, ela não queria achá-lo. E então esse seria o presente: ser feliz sem amor. Que insistia em dizer que não fazia falta, mesmo fazendo em momentos de solidão, onde aquelas palavras eram lembravas. "Eram só palavras" - Tentava se convencer. Querendo fazer com que realmente não significassem nada mais, nada do que um dia pudera talvez significar. Era hora de se perder, e já que aquela vida não mais existia, era hora de criar outra. Longe das lembranças, longe da solidão, longe de qualquer coisa que um dia a fizera mal.
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