Quando eu pensava nele, a única coisa que eu conseguia lembrar eram aqueles olhos azuis. Ah, aqueles olhos azuis… Me matavam cada vez que os via. Há algo neles que faz com que eu perca a noção do tempo. Não só do tempo, da vida. Faz com que eu perca a noção de qualquer coisa, até que me reste apenas aqueles intensos e maravilhosos olhos azuis. Os quais me matavam por dentro, já mencionei? Soa tão clichê dizer que eles são um intenso mar azul. Mas não poderia deixar de dizê-lo. E complementar que a maré desse mar é revoltada, e cheia de ondas. Mas mesmo assim ainda esconde um mistério; me diz que por trás de tanta revolta, há um certo medo. Uma agonia, uma esperança. Uma esperança que traz medo, e então causa a agonia. Talvez tudo isto fique meio ou completamente confuso, mas aqueles olhos… Ah, aqueles olhos! Eles não me deixam pensar em mais nada. E todo e qualquer pensamento faz com que eu me perca mais ainda neles. Todo e qualquer pensamento vira irrelevante. Porque enquanto eu olho naqueles olhos, só eles existem. E então eles me matam por dentro. Corroem cada centímetro da minha carne, até chegar na minha alma. Acabam, quase literalmente, com todo o meu ser.
Eu queria que aqueles olhos me dissessem mais que aquela esperança que traz medo e depois causa agonia. Eu queria que aqueles olhos me dissessem que o dia em que eu os vi pela primeira vez, não foi o dia em que comecei a abster de mim mesma. Queria que eles me dissessem que tudo isto era apenas um pesadelo que mais parecia um sonho; que todo aquele declínio era só fantasia, que eu realmente não estava me perdendo por um par de olhos azuis revoltados. E tão misteriosos.
Eu soube, após alguns dias de observação profunda então, que tal mistério era o resultado de um segredo. Apenas um. Mas a verdade, a verdade era meio inacreditável. E não soube por aquele misterioso-revoltado-maravilhoso par de olhos azuis. Soube por aquela boca, que minutos após se deslaçar da minha, disse o que eu nunca esperava ouvir: Que o mistério, que era resultado de um segredo, era que aqueles olhos azuis (que me matavam por dentro), haviam, também, se perdido nos meus olhos tão calmos e castanhos. Ao contrário de toda aquela maré revoltada.
A verdade é que não importava as cores, e sim que a calmaria de meus olhos, acalmavam aquela maré revoltava. E que o dia que em comecei a me perder, foi também o dia que comecei a me achar. Me achar no azul tão denso daqueles olhos, que eram totalmente o oposto dos meus.
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