Não vivo de títulos, corro de rotulações, e nunca sei quem sou. Às vezes, quando me olho no espelho, vejo a doce menina inocente que ainda consegue acreditar de olhos fechados nas pessoas. Em outras, vejo a garota com o veneno na ponta da língua, que fala sem pensar duas vezes se a sua sinceridade vai machucar alguém, e tem sede de vingança. E por outras, vejo a mulher que tem sede de independência que vive no mais profundo que consegue; Jura pra si mesma quando esquece o carinha da vez, que nunca mais vai parar a sua vida por outro cara, mas acaba se esquecendo do juramento à cada vez que um novo amor aparece. O amor próprio vira na primeira esquina que encontra, e no dia seguinte ela já não se lembra mais da mulher independente que renascera nos dias de solidão vazia. E vivo assim, com as minhas três faces ocultas. Nunca me mostrando realmente por completo à alguém, e acabando por surpreender à mim mesma quando encontro algum detalhe perdido dentro de alguma esquina escura do meu ser.
Ary Leal
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