quinta-feira, 28 de abril de 2011

A dor que a saudade causa.

Secava às lágrimas com cuidado, pois a maquiagem do dia anterior ainda estava em seu rosto. Chorava vez em quando, sem pudor algum. Precisava aliviar o aperto do peito, precisava sentir um pouco daquela dor, daquela saudade, saindo de seu corpo. Já não aguentava mais, não conseguia mais ser forte. Não por hoje. Um sonho havia a derrubado, um sonho em que ele estivera sei lá por quê. Parecia que estava tudo certo, o seu dia iria dar todo errado. Não levantou com o pé esquerdo, teve a precaução de pisar primeiro com o pé direito, mas parece que nem isso a salvaria.

Nesses últimos tempos ela estava conseguindo ser forte, estava conseguindo seguir em frente, por mais que às vezes dava um ou dois passos para trás. Mas estava indo, estava quase conseguindo se sentir verdadeiramente feliz. Quase. Ainda não havia conseguido se convencer totalmente. Doía, sempre doeu, lá no fundo, e às vezes ela conseguia sentir aquela dor, por mais que houvesse à aprisionado em um cofre de aço em seu peito. E talvez fosse isso que mais pesasse dentro dela. Mas ela estava conseguindo conter a dor, e toda essa saudade que sentira todo esse tempo. Saudade que ela não queria sentir, queria simplesmente esquecer, seria bem mais fácil, e não haveria dor.

Ela precisava seguir em frente, já havia se convencido disso. Ela se forçava a seguir em frente, por mais que ainda doesse sorrir. Às vezes conseguia se sentir bem verdadeiramente, mas nas vezes que fingia, doía ser feliz. Ela queria ir em frente, mas hoje ela se deixaria sofrer. Só por hoje. Daria cinco, ou talvez mais, passos para trás, e depois continuaria seu caminho, como se nada tivesse acontecido.

Ary Leal

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