Acordei como se houvesse dormindo apenas 5 minutos. Ainda sentia meu corpo pesado, cansado, e sem nenhuma disposição de levantar ou sequer viver. Ainda me lembrava da noite passada, e mal podia acreditar naquelas palavras. Ele havia dito algo que eu nunca esperava ouvir, mas após a cena que eu havia visto, não havia mais dúvidas. Eu realmente tive que acreditar nas suas palavras. "Eu nunca te amei". Ele as disse ríspidas, secas, sem qualquer emoção, ou tentando mencionar sequer desculpas pelo que havia feito todo esse tempo. Eu fui enganada e me odiava por ter acreditado, odiava essa minha inocência que nunca me avisa dos riscos que corro ao acreditar tanto nas pessoas. Resolvi me levantar, de nada adiantaria ficar deitada na cama o dia inteiro lamentando o que havia acontecido noite passada, ou ficar me martirizando com às lembranças de algo que eu deveria esquecer. Esquecer, essa era a palavra chave. Eu iria esquecê-lo, apagar todas as suas lembranças sólidas que ainda tinha em meu quarto, queimaria cartas e fotos, de pura raiva talvez, mas era apenas mais uma maneira de apagar alguma dessas lembranças. Deletaria todos os textos escritos, sem dó nem piedade, ele não merecia todos eles, ele não merecia às minhas palavras de amor. E as memórias, que ainda estavam intactas em minha cabeça, arrumaria um jeito de bloqueá-las para nunca conseguir revivê-las novamente. Ocuparia meu tempo, faria aquele curso de italiano que sempre quis. E começaria a andar por aí sem destino. De certa forma, nada como um amor para substituir o outro, certo? Eu iria conseguir. Não era a primeira, e nem seria a última vez que eu iria ter que esquecer alguém. - Todos esses pensamentos passavam pela minha cabeça, enquanto eu observava da varanda o brilho do Sol que refletia no mar. Parecia um pôr-do-sol, como era lindo! Me hipnotizava, me revigorava, e estava colocando a minha cabeça no lugar. Não havia por que reclamar, aquilo estava me fazendo muito bem. Mas agora era hora de começar o meu dia, e colocar todos aqueles planos em prática. Nada como um dia após o outro.
Ary Leal
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