quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Então, que o tempo leve.

Que leve todas as coisas ruins pra longe. Longe da cabeça, longe do coração. Que filtre minhas memórias, e que deixe apenas as boas, mas com os ensinamentos que tirei das ruins. Que faça com que eu entenda de uma vez por todas que a vida é uma eterna e constante mudança. Nada fica pra sempre, nem as coisas ruins. E por mais que vezenquando o peito doa, vai passar. Assim como a alegria de sexta feira, e o tédio de domingo. Passa. Às vezes traz coisas boas, às vezes coisas ruins. Você vai sempre estar conhecendo pessoas novas em todos os lugares, e nenhum clichê possível vai ser capaz de descrever o que você sentiu quando o viu com outros olhos. Mas vai perceber que a vida é um eterno clichê. E que atitudes valem mais do que palavras, e são elas que vão permanecer e que o tempo não vai levar. Na verdade, são poucas as que realmente ficam até o fim, aquelas que mais marcaram.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Acredito que no começo é sempre a mesma coisa: ninguém quer se apaixonar. Ninguém quer estar ali, com medo de dizer o que sente e não ouvir de volta; de ter o seu coração quebrado. Ninguém quer virar dependente ou submisso à alguém (mesmo que alguns consigam controlar isso, em certo ponto você vai sim, ficar dependente de quem você ama). Ninguém quer perder o rumo - novamente - caso algo dê errado no final das contas. Mas isso até se apaixonarem - ou começarem à se apaixonar. Alguns vão lutar contra esse sentimento. Outros vão se deixar levar - metade com medo, metade se preocupando apenas em sentir. E quando se permitem, percebem que não é tão ruim assim, mesmo que algo - ou tudo - dê errado. Porque no final, é sempre assim: você aprende alguma coisa. Ou com toda a dor que sentiu, ou com a pessoa que amou. E acaba descobrindo ser mais forte que esperava, após conseguir superar. Mesmo demorando o tempo que demorar. Afinal, nem sempre - ou melhor: nunca - é fácil. Só quem sente, sabe o que tal pessoa significou para ela. Sabe o quanto amou, sabe o quanto queria que tudo tivesse dado certo. Mas o destino não quis assim, talvez pelo clichê de que lá na frente há algo melhor pra aquela pessoa. Ou talvez porque realmente não era pra ser. Muitas coisas não são pra ser, e muitas outras não são feitas pra durar. Se não tiver uma base sólida o suficiente, sentimento o suficiente, confiança e todas as outras questões envolvidas, não vai durar. Uma relação não depende só de um, depende dos dois, do casal como um todo. E se ambos não estão totalmente dispostos, não vale à pena tentar.

domingo, 28 de agosto de 2011

Paradoxo da saudade

Nunca pensei que o tempo pudesse demorar tanto pra passar, mas ao mesmo tempo passando rapidamente. É um paradoxo. Um paradoxo aonde eu encontro o tempo passando lentamente por não saber como superar toda essa sua falta, mas ao mesmo tempo, ele passa rápido. Ele não pára por qualquer motivo, nem pra ninguém. Ele não parou para o meu coração cicatrizar e se reconstituir, ele não parou para eu te superar. No mundo lá fora ele passa normalmente, mas ao mesmo tempo tão rápido, como se fossem décadas, séculos, em apenas minutos. Mas aqui dentro tudo passa tão lentamente... E é totalmente ao contrário, minutos em décadas e séculos. Esse extremo paradoxo faz com que eu me sinta estranha comigo mesma, não sabendo o que sentir, ou fazer; se devo seguir a razão ou o coração. Se devo continuar tentando seguir em frente, e abandonar de vez qualquer resquício teu em mim. Ou se devo tentar te encontrar novamente, nem que seja em sonhos. Naqueles belos sonhos, ou imaginações onde o tempo daquela época que você ainda estava aqui não passava.
Não consigo, e creio que não há como entender. O tempo simplesmente não passa pra mim. É um constante passado que não me abandona; não há qualquer presente. Só há você e as tuas lembranças ao meu redor. Teu cheiro que eu nunca senti, teu abraço que sempre sonhei, teu gosto que sempre imaginei. Nada real. E as reais, são intocáveis. Estão tão longe, que parecem imaginações, sonhos. Às vezes me pego me perguntando se tudo aquilo realmente aconteceu, então leio as tuas palavras e o paradoxo temporal volta. Volta pra jogar na minha cara que tudo aquilo é passado, que na tua vida eu sou só isso: passado. Enquanto na minha você continua sendo presente. Mais presente até que eu. Mais presente que qualquer presença minha; existe apenas a tua, pra me lembrar que você se foi... E eu fiquei. Presa nesse paradoxo temporal que só me traz saudades tuas.

sábado, 27 de agosto de 2011

Amargura do amor

Não sei em que ponto comecei a perder dos olhos a beleza do mundo. Em que ponto parei de apreciar coisas simples, e tão sensíveis. Em que ponto perdi a sensibilidade. Em que ponto deixei de ser quem era, para me tornar o que sou hoje: amarga. Digo amarga porque me sinto como uma velha ranzinza de poucos anos. É que certas coisas já não me descem mais como antes, elas simplesmente entalam na garganta - ou pior, sequer entram nela. Sinto repulsa, simples. Amor de mais, por exemplo, é algo que já não suporto. Tanto mel já não é pra mim, pelo contrário, tenho preferido o salgado ao doce. Talvez seja porque me desapaixonei, e com isso perdi à vontade que existia do mundo, e talvez, das pessoas e certas atitudes. Não só atitudes como palavras. Creio que também perdi - quase - todo o senso de humor que existia; Não tem como negar, me tornara amarga. E pior ainda: uma amargura que vem de dentro. Sequer superficial. Mas acredito que seja reversível, afinal, tanta amargura uma hora terá que se tornar doçura. Mas não doçura de mais. Tudo que é demais enjoa. Assim como enjoei do amor, porque chega uma hora que simplesmente não dá mais. O amor não lhe desce mais - ele entala, e te faz engasgar. Então você toma raiva, e enjoa. Só porque não foi como você esperava. E daí em diante as coisas vão perdendo a beleza, perdendo o gosto, a vontade. Tudo que era possível se torna impossível. Tudo o que era em conjunto se torna solitário. Solidão. Amargura. - Até que um dia, por algum milagre ou força do destino, você enxerga a beleza nos olhos de alguém. E então se apaixona. E tudo recomeça.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Era uma vez.

Como quase todas as histórias começam como "era uma vez" lá vai... Era uma vez uma história. Havia um garoto, e ele estava sempre ali ela. Sempre assistindo ela ir em frente, e entregar o seu coração àqueles que não lhe davam valor. Assistia ela chorar, oferecia o seu ombro, sempre presente por ela. E como não poderia faltar o clichê, esse garoto, um dos melhores amigos dela, era apaixonado pela tal. Mas ela não percebia, ela só o enxergava como amigo, nada mais que isso. E ele sabia, por isso se contia tanto perto dela. A vontade dele era arrancar do peito daqueles garotos os seus corações, e esmagá-los bem à frente deles. Queria que sentissem a dor que causavam nela. E ao mesmo tempo, queria cuidar dela. Tê-la em seus braços, receber os seus beijos, dormir de conchinha. Mas aqueles direitos estavam reservados ao sortudo que ganhara seu coração, e infelizmente não era ele. Era como se nada que ele fizesse para ela perceber, fosse o suficiente. Ele sentia como se nunca à alcançaria, nunca seria o bastante pra ela. Mas diferente de todo conto, este não terá final feliz. Porque na realidade, nem sempre existem finais felizes. Na verdade, eles são quase raros - e talvez finais felizes sejam uma questão de sorte. E esse garoto não teve sorte. A garota também não. Eles se apaixonaram pelas pessoas erradas, e vivem a consequência disso. Acredito que o final feliz, talvez, seja apenas um. Aquele que mesmo depois de ter o seu coração destroçado - e um dos motivos por isso é não ser correspondido -, seja conseguir levantar e seguir em frente. Afinal, não será nem a primeira nem a última vez que isso irá acontecer, e um dia, a sua sorte amorosa te encontrará.
As pessoas ultimamente fogem de companhia, por medo. Mas sempre reclamam que estão sós. Esse medo de serem enganadas, de confiarem na pessoa errada, de serem deixadas pra trás, de serem esquecidas, fazem com que se isolem cada vez mais no seu próprio mundinho. Esquecendo do mundo lá fora, esquecendo do voo das borboletas, do canto dos pássaros. Sentam e assistem à própria vida passar de camarote, com medo das pessoas, com medo de companhia. Com medo de arriscarem, e algo dar errado. As pessoas ultimamente vivem com medo, ou melhor, paralisam a vida por medo. Sentam e esperam por algo acontecer, quando nada acontece.

A verdade é que algo só vai acontecer se elas se levantarem da onde estiverem, e irem atrás. A verdade é que, apesar do medo, temos que correr o risco. E se algo for pra dar errado, que dê. Quem sabe na próxima dá certo? A coisa é não parar de arriscar, de ir atrás, de viver. Porque a vida é só uma, e não adianta você "viver" como um morto vivo sem aproveitar nada.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Falta mais ou menos um mês pra completar um ano de saudades de você. Pra completar um ano que não te vejo, que não escuto a sua voz, que não olho em teus olhos. Que não sorrio ao te encontrar por acaso na esquina da nossa rua, ou quando te via no bar, ou quando você finalmente chegava a noite. Melhor ainda, quando você chegava domingo a noite, após meu final de semana ser regado a agonia por saudades suas. Era tão mágico como você sumia com a minha dor em segundos, como meu dia se fazia melhor só por eu ter te visto. Era dependência, era. Talvez um pouco de obsessão. Mas era você. Era teu sorriso. Era teu olhar. Era teu cabelo molhado após o banho, ou seco e bagunçado. Era a tua voz, era as tuas gracinhas. Era você perfeito mesmo com todos os teus defeitos. Era você cantando pra mim. Era você tentando tocar violão pra mim naquela serenata ‘improvisada’. Era aquela vez que você me deu boa noite e mandou um beijo. Era você fazendo a minha vida preta e branca se tornar colorida. Era teu sorriso que me fazia sorrir quando meu olhar cruzava com o teu. Era eu te dando boa noite toda noite. Era eu sonhando contigo noites diretas quando você não estava ali. Era eu saindo e já desejando voltar pra te ver. Era você, e mil vezes você. Aquele menino-homem que me conquistou pelo olhar. Que me conquistou pelas gracinhas. Que me conquistou pelo jeito de desbravar a vida de peito aberto e sem medo algum. E agora já não resta mais nada. Já não te vejo, não te sinto, não te ouço. Não há sorrisos feitos por você. Já não há mais eu na janela esperando pra te ver. Já não há você na janela esperando pra me ver. Já não há as músicas, os olhares. Os encontros repentinos por aí. A dor do meu peito sendo arrancada pelo teu olhar. Você, eu. Metros, quilômentos, milhas… Oceano. E apenas as lembranças que restaram de você. 
(antigo)

domingo, 21 de agosto de 2011

Menino...


 Hoje, ao meio da madrugada, completando mais um mês da sua ausência presente, percebi que não importa quanto tempo passe - e irá passar -, você sempre estará presente em mim. A ironia é que, já se passou mais tempo da sua presença ausente, do que quando tive realmente a sua presença na minha vida. Mas não importa… Não importa quanto tempo passe, e o quanto eu relute pra dizer que não, eu estou - e daqui há algum tempo eu ainda vou estar - esperando você voltar.
     É meio estranho, alguém ter tanta importância na vida da gente, e se quer estar presente nela. É estranho amarmos alguém que, talvez, sequer conhecemos direito. Quer dizer… Conhecia. É estranho pensar que tudo mudou tão de repente, e eu não estou mais na sua vida. É estranho pensar que não importe quanto tempo passe, as lembranças nunca serão meras lembranças. Serão sempre a parte de ti que carrego comigo, pra onde for, no mais profundo do meu coração. É estranho pensar que apesar de tudo, te queria ao meu lado agora, me abraçando, e dizendo que toda essa confusão irá passar e tudo ficará bem novamente - mesmo que isso não seja verdade, só de te ouvir dizendo isso, me acalmaria, como sempre acalmou. 
     Percebi também, que não importa quantas cartas eu escreva, a saudade nunca irá por completo. E mesmo que se vá, sempre renasce, como uma fênix no meu coração. Uma fênix com o seu nome, e o sobrenome saudade. Também já deixei de querer encontrar respostas que não existem, para perguntas perdidas no ar, no seu silêncio. Ah… Esse silêncio me angustia tanto, menino. Mas você não se importa, como um dia se importou. E o meu problema é ter me contentado com isso. Me contentado a viver das lembranças que por mais que eu insista, não se perdem no tempo. Na verdade, eu que me perdi no tempo. No tempo das tuas lembranças, menino. Só pra fazer com que você viva em mim, de novo. Só pra fingir que você ainda está aqui, que eu ainda posso contar contigo. Só pra fingir que você vai me acalmar quando eu tiver um pesadelo no meio da tarde. 
     Mas de uma coisa eu consegui esquecer: da dor. É… A dor não existe mais em mim. Agora o que me angustia, também, é todo esse vazio que ficou. O vazio do lugar que você preenchia quando estava totalmente presente, e não só nas lembranças. E esse vazio dói mais que a dor que você me causava antes. Todo esse vazio, esse silêncio, essa falta de respostas, essa falta da sua presença, da sua voz, de você. De tudo o que eu queria ter de você um dia, mas nunca tive. 
     É meio vago, sabe menino… Só conseguir escrever sobre a saudade. Sobre toda essa falta que você deixou, sobre a minha metade inteira que você não devolveu. Sobre toda essa falta de sentimentos aqui dentro. Quero dizer, a falta de sentimentos a não ser o resquício de amor que quase senti por ti um dia. Aquele sentimento tava ficando tão forte… Mas então você partiu. Partiu, e não me levou contigo. E insistiu em deixar todas as lembranças, pra me torturarem. Pra remoer toda essa saudade, pra não deixar que você morra em mim. Mas então você não morre….
     A verdade é que quem morre sou eu. Aos poucos, a cada nova lembrança, a cada dor do vazio que agora ocupa o meu peito. A cada lágrima que insiste em cair com o teu nome durante a noite, enquanto você dorme tranquilamente. A cada vez que penso em te ligar, mas sou obrigada a perceber que não vale mais à pena. Porque você seguiu com a sua vida. Enquanto eu parei no tempo, esperando a sua volta, e convivendo com todas as lembranças do que um dia existiu. E não existe mais.

Mary


Mary vivia em uma cidade grande, desde pequena, desde quando se lembrava - sempre. Mas por incrível que pareça não gostava de ali viver. Mary não pertencia à um só lugar, Mary pertencia ao mundo. Sonhava noite e dia em viajar o mundo, conhecer os lugares das fotos que via nas revistas. Aqueles maravilhosos lugares. Sonhava em viver uma aventura no Egito, um romance na França, e se perder no tempo em Roma. Passava o dia à imaginar sua vida como nos livros que lia. Eles faziam com que a realidade fosse insuficiente para ela. Precisava de doce, de salgado, de aventura ou desventuras, de romance… De emoção. Sua vida parada e sem graça já não mais a animava. O único problema é que ela já havia se acostumado com toda aquela monotonia de sempre. E, na verdade, tinha medo de sair da sua rotina cansativa de sempre. Tinha medo de viver. Por mais que sonhasse e imaginasse, tinha medo de se aventurar. Tinha medo. Por isso mergulhava nos livros de cabeça, tentando preencher a sua pobre realidade com alguma aventura. Tentando fazer o seu final feliz envolto de aventuras que não eram suas. Tentando viver através daquelas histórias que não pertenciam à sua realidade. Se sentia covarde por não ter coragem suficiente para deixar o seu medo de viver de lado, e ir em busca do que sempre sonhara. “Talvez um dia…. Talvez um dia.” - Pensava, mais uma vez empurrando com a barriga o que deveria fazer agora: Criar coragem.
Mary andava distraída pelas ruas. Sempre fora assim, sonhadora, distraída. E quase sempre insatisfeita, por não conseguir ir atrás das coisas que queria. 

Abaixou pra amarrar o seu Oxford que por um mistério havia se desamarrado - não era costume disso acontecer.
Ao levantar esbarrou em um moço que ali passava. O tempo parou. Mary reparava no rapaz: Vinte e poucos anos - assim com ela -, alguns centímetros mais alto - talvez uns seis -, lindos olhos castanhos escuros, que naquele momento brilhavam. E um cabelo nem tão grande, nem tão curto, castanho claro. Ideal. 
Ela se desculpou, e o moço de nome indecifrável apenas sorriu e continuou a andar. O mundo voltava a andar. Tomou aquilo como um sinal: Era hora de perder o medo e fazer tudo o que sempre quis. E começaria naquele dia.
Chegou em casa, ligou o computador, e procurou passagens para realizar seu sonho. Começaria por Roma, seguiria então para o Egito, e por último iria para a França. E que o Coliseu, as Pirâmides e a Torre Eiffel à esperassem! Lá ia Mary realizar seus sonhos de anos.

sábado, 20 de agosto de 2011

É que dói um pouco ver uma foto sua. Tudo bem, eu confesso... Dói muito. Dói porque trás de volta todo aquele passado que devia ser memorável, mas por si só já trás dor. Pelo que deveria ter sido, e não foi. E exatamente por não ter sido que trás dor em dobro. Mas o pior é saber que não vai voltar à acontecer, e que, dificilmente agora, nossos destinos irão se cruzar novamente. E então dói triplamente por isso. Confesso, tem qualquer resquício de sentimento por ti aqui dentro, afinal, sou completa por amores passados e não feitos. E eu gostaria de poder te fazer meu, de dar as mãos com você de novo, e de poder dizer um dia que te amei e fui correspondida como se deve ser. Mas não. E agora o meu peito deixou de querer sentir por essa dor momentânea. Sei que a ferida que abriu em mim não cicatrizou por completo, mesmo após tantos anos. E também sei que apesar de tudo, ela só cicatrizará por completo, quando o meu coração puder te chamar de meu, e só meu. Desisto de tentar, é querer dar murro em ponta de faca. Não vale à pena. Sigo como venho seguindo, fingindo não lembrar do passado, fingindo que não existe esse resquício aqui dentro. Fingindo que nunca te conheci, e que não quero e nem tenho esperanças de que um dia o meu caminho cruze com o teu novamente. Espero.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

História sem fim

É como se não houvesse um fim. Como se nenhum “adeus” fosse preciso. Sempre reticências, nunca um ponto final definitivo. Nunca você indo embora de verdade… Quero dizer, de dentro de mim. Você está sempre indo, e eu querendo ou não, você está sempre voltando. Já ensaiei e criei mil e um finais definitivos, mas nenhum deles foram completados com sucesso, por mais que eu queira e dê o meu máximo. Sempre sobra qualquer resquício seu pra continuar contando essa história sem fim. Quer dizer, a minha história sem fim, com você de coadjuvante ausente presente, querendo se tornar o personagem principal. Vê se pode, personagem principal na minha vida - sendo que quem deveria ocupar esse papel, sou eu! - Mas mesmo assim, sempre indo. Sempre sobrando a falta dos velhos tempos memoráveis que trazem saudade. Não entendo porque continua voltando. Se quer ir, vá. Mas não volte. Prometo não te procurar, contanto que devolva a minha metade quase inteira que lhe dei. É pra sempre: Adeus.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vida sem gosto


- Então você está, de fato, a querer e a esperar ansiosamente pela morte? - Perguntava aquele homem de estatura média, com um pouco mais que trinta e cinco anos, de cabelos castanhos claros, de nome Tiago.
- Sim. A vida já não mais me pertence. - E Laura se calava novamente.

Laura era jovem, havia poucos meses que tinha completado vinte e três anos. Não era muito alta, mas tinha quase uma estatura mediana. Era desenhista, e parecia levar uma vida boa e tranquila. Parecia incrivelmente feliz todos os dias, sempre animada e cumprimentando todos os conhecidos que via.
Tiago agora olhava atentamente para ela, tentando rever o que dela conhecia, e que descobrira agora. Como poderia ele acreditar? Aquelas novas informações simplesmente não se encaixavam. Mas agora tinha no olhar uma ternura. Uma ternura por aquela garota que mal conhecia. Tinha vontade de aninhar teus cabelos, e pedir pra ela desejar pela vida novamente, e não mais pela morte. Tinha vontade de cuidá-la, e não que ele quisesse fazer dela sua, mas queria tê-la por perto sempre que pudesse. De alguma forma, ela lhe trazia uma paz de espírito que ele só sentira uma vez na vida.

- E porque achas isso?
- Pelo simples fato de que nada mais me satisfaz. A vida não tem mais gosto, assim como a comida, como qualquer lazer, como qualquer distração. Sequer um amor me satisfaz. Nada mais parece sustentável. Nada mais parece valer à pena.
- De certa forma te compreendo. Nos meus trinta e sete anos de vida, já passei por fases parecidas como essa que você está passando agora. Mas não desejei pela morte, apenas… parei no tempo. Me esqueci como era viver. Dizia viver, mas apenas sobrevivia, me agarrando cada vez mais à um passado que não existia. Enfim, essa fase obscura passou, e agora estou aqui. Se quiser, posso lhe ajudar… - Dizia Tiago, ao relembrar que na fase obscura pela qual passara, ninguém lhe estendeu a mão em ajuda.
- Não sei se deve perder o teu tempo comigo. Digo, você deve ser um homem ocupado, e eu, uma simples garota que espera pela morte, não o devo ocupar. Não vale à pena você o gastá-lo comigo.
- De forma alguma, Laura. - Dizia Tiago em um tom mais sério. - Qualquer vida vale à pena. Você acredita que todos viemos por um propósito?
- Acredito, quer dizer, acreditava. Passado. Agora já não sei de mais nada…
- Pois então, quem sabe o meu propósito seja te ajudar? Quem sabe até te salvar dessa tua vida sem gosto. Talvez não seja por acaso que te encontrei aqui justo agora.
- Quem sabe… Eu só não quero lhe incomodar. A última coisa que você provavelmente precisa é de uma suicida na sua vida. - Laura ri.

Tiago observa Laura rir. Ela tem um sorriso tão doce. Queria poder descrever a paz que aquela presença lhe trazia.

- Não vai incomodar, relaxe. E se incomodar, eu lhe digo. - Tiago agora também ri. - Brincadeira. - Tiago estende a mão, para Laura se levantar.

Laura que antes estava sentada no chão da garagem do prédio de ambos, agora estava com a roupa um pouco suja. Tiago olhou atentamente ela se levantar, e ao olhar de perto para o rosto dela percebeu que havia caído ali algumas lágrimas. Passou o mão em seu rosto, de leve, para secá-lo. Reparava agora que Laura tinha lindos olhos verdes, que contrastavam perfeitamente com o cabelo ruivo e com sua pele extremamente branca. “Ela é realmente muito bonita” pensava. 

- E então…? - Dizia Laura, como que quebrando o próprio encanto.
- E então que agora vou te levar no parque de diversões mais próximo! A partir de hoje a tua vida começará a ter gosto. E que tal o gosto de algodão doce? - Tiago sorriu docemente.
- Perfeito! - Laura retribuiu o sorriso com a mesma doçura.

E então, a partir daquele dia Tiago tornara-se o melhor amigo de Laura, e vice versa. E daquele instante em diante, foram felizes para sempre… Ou melhor, foram felizes para a vida.

Ps: Gostastes do conto? Ele está a concorrer no "Eu amo escrever". Fiques livre para votar: clique aqui. E se não for pedir demais, divulgue aos amigos :) Beijos e obrigada.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Senta-te na areia e deixa a água te molhar. Descobres se és sereia, se és filha do mar. Não tenha medo das pequenas algas, elas irão te guiar. Mas todo mar tem seus segredos, então não se deixes levar. Aproveita-te, e nada com os golfinhos, sem temer os tubarões. Quando a hora certa chegar, o seu coração irá lhe dizer se ali é o lugar certo para estar.

Filme de terror

Não via mais filme de terror. Não que agora tivesse medo, pois sempre tivera, é que agora não conseguia superá-lo. A falta dele ao lado dela, segurando a sua mão, lhe dando segurança... Ela não tinha mais. Sempre que começava a ver algum filme de terror, olhava para o lado na esperança que ele ali aparecesse como em um sonho, e ao constatar - mesmo que já sabendo - que ele ali não estava, sentia o medo à dominar e desistia de assistir o tal filme. Já não era possível tê-lo ali, e tinha medo de nunca mais sentir aquela presença tão perto.
Apesar dos apesares, ela tinha saudade dele ao seu lado, daquelas tardes. Eram tão crianças... Não esperava que marcaria tanto, que seria inapagável. Não imaginava que a mão dele segurando a dela faria tanta falta... Tanta falta. Necessitava agora daquela segurança que não tinha mais. Era como se aquilo tivesse se tornado um trauma: A falta da presença dele em filmes de terror, ele a impedindo de tampar seus olhos nas cenas assustadoras. (...) E depois de tantas lembranças recordadas, tudo o que ela mais queria naquele momento era ele ali, e um filme de terror.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ainda te guardo

Olho pra tua foto recente e fecho os olhos lembrando de - quase - exatamente um ano atrás. A ultima vez que te vi. A ultima vez que me senti nervosa pela tua presença perto de mim. A ultima vez que meu olhar cruzou com o teu, e parece tão pouco pra agora, tanto tempo depois. Mas a imagem continua aqui, permanentemente intacta, viva. Não só ela como muitas outras, e dentro delas a vez que te vi pela primeira vez, e ai já se vão quase dois anos. Mas permanece. Como você tem permanecido aqui dentro, e vez ou outra volta. A saudade também ainda existe, domada aqui dentro. Vejo sua foto e suspiro. Queria estar ali, queria estar perto como sempre estive. Ficaria satisfeita apenas com a tua presença, com teu olhar cruzando com o meu. Com meu peito sendo preenchido por qualquer sentimento especial que nascesse. Que fosse, mesmo não tendo sido. É bom sonhar, querer, ter vontade. Eu tenho vontade de você, ainda tenho. Me contenho, parece ser um sonho tão inalcançável e intocável. Mas permaneço o guardando, não o deixando morrer. Quem acredita sempre alcança, ou quase isso. Mas esqueço, deixo estar. Ser for pra ser, será. Hora de voltar pro chão, logo mais volto e te encontro nas nuvens. Te cuida, meu amor.

domingo, 7 de agosto de 2011

Eterna viagem no tempo.

Tive um sonho em que o tempo, de certa forma, não passava. As pessoas não se iam embora, e as lembranças - se não todas, a maioria - ainda eram memoráveis. A paz e a felicidade reinavam: era tão bom se sentir amada, querida. Era tão bom sentir que as pessoas do passado, de um passado um pouco distante, ainda estavam ali. E que não importava o tempo que passasse, ali elas continuariam. Junto à mim, não só mais no coração e nas lembranças.

Um sonho que mais parecia uma viagem no tempo. Viagem no tempo com pessoas do presente. Tão bom, tão especial, tanta calmaria. Não dava pra acreditar, e é, não era real... Talvez seria pedir de mais. E eu peço! Quero que o tempo passe, mas coisas como essas fiquem. Não mudem, que não precisem de mutação. Que pessoas não precisem ir embora, que estejam sempre no presente. Que todos se sintam amados e queridos. Que a vida seja como uma viagem no tempo. Uma eterna viagem no tempo.

Nunca pensei sentir falta de momentos como aqueles. Momentos que de certo ainda não vivi, e também nunca irei - não é mais possível. Nunca imaginei que milhas de distância fariam com que o passado parecesse tão aconchegante e tão tentador - mil vezes melhor que o presente. Nunca soube que sentiria falta de pessoas que já nem lembrava mais, e que, provavelmente, também já não se lembram de mim.

sábado, 6 de agosto de 2011

Mania de querer e de te querer.

É mania de querer ser leve, livre, solta. Mania de querer ser doce, mesmo sendo amargura. Mania de querer ser companhia, mesmo sendo solidão. Mania de querer ser ajuda, mesmo não conseguindo me ajudar. Mania de querer e tentar dizer que não, de querer estar mas não sabendo como. Tantas manias de querer. Querer, querer, querer… E ainda quero. Quero ser tua, deitar em seu peito pra ser companhia. Quero teus braços me envolvendo e me prendendo, mas também quero ser livre, e quero que me deixes solta. Não fui feita pra correntes. Mas te quero ali pra quando eu voltar. Não irei te buscar em outros corpos, outros amores. Eu não tenho necessidade disso, tenho apenas necessidade de você. Pra qualquer hora, qualquer lugar. Mas é uma necessidade livre. É que eu não pertenço à um só lugar. Pertenço à vários: lugares desconhecidos, intrigantes e convidativos. Mas meu coração é só teu. Quero que voe comigo na ventania do outono.  São minhas manias, meus jeitos, minhas confusões, meus pesares… Consegues entender? Se sim, me digas por favor. Já não me entendo mais debaixo desse cobertor de tantas palavras.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

De onde eu deveria estar

Da janela do meu quarto observo um avião chegar e outro partir. Mas já não me pergunto ou imagino como seriam as coisas se eu não estivesse aqui. Apesar de tudo, de certa forma compreendo um pouco o porquê deu estar aqui hoje. De conhecer quem eu conheci, mesmo que virtualmente. De aprender o que eu aprendi, e de me tornar uma pessoa totalmente diferente. E de amadurecer à força, talvez mais até do que deveria. E aqui estou eu, do jeito que estou. Não tanto satisfeita, porque acredito já ter aprendido o que deveria ter aprendido, e já estou pronta para voltar. Eu não odeio aqui, mas também não amo. Talvez um leve gostar, e pronto. Nada mais. Ainda quero voltar, meu coração ainda pertence ao lugar que morei durante meus quase dezesseis anos. Quer dizer, a maior parte. As outras pertencem à lugares que quero conhecer, e viagens que quero fazer. Mas nenhuma dessas coisas envolve o lugar que estou hoje. Se arrumar as malas fosse o suficiente, já as teria arrumado há muito tempo. Não vou negar, sentirei saudades. Talvez da pouca liberdade, ou sei lá o quê, que eu tive. Ou dessas correntes, não sei ao certo definir, é confuso. Mas não sentirei saudades suficientes para querer ficar. Sabe-se lá onde está o meu futuro, mas tenho comigo que não está aqui. Não sei, não imagino o futuro. Deixa o futuro pro futuro. Apesar de viver do passado, o presente também não me abandona por completo. E o passado está ficando devidamente no passado, carrego comigo agora apenas uma dose saudável de lembranças do passado e só. Quero viver o presente agora. Intensamente.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Bagagem rumo à liberdade

Arrumava a mala… Mas nada de levar velhos amores e paixões na sua bagagem. Não. Isso já não queria mais, levara os por muito tempo dentro dentro dali, agora queria um coração livre, uma bagagem livre. Livre de amor, livre de preocupações. E livre do que mais pudera ser. Queria ser feliz, levando apenas o que importava agora; pouca coisa. Alguns amigos antigos, outros novos amigos. Mas amigos. Com quem sabia que poderia contar de verdade. Levava também alguns livros, seus preferidos. Que mesmo sabendo a história de trás pra frente, gostava de lê-los sempre que podia. Poucas roupas; pela primeira vez levava poucas roupas. Algumas rosas, margaridas, tulipas, cheiro-de-amor; adorava flores. E claro que não poderia faltar o seu caderno de anotações. Pronto.
Olhava para dentro da pequena mala: será que faltava mais alguma coisa? Sempre foi tão esquecida, e ali parecia estar tudo o que precisaria. O essencial. 
E mesmo que faltasse alguma coisa… No caminho encontrava. Era sempre bom deixar um espaço vazio pro caso de aparecer algo que quisesse levar consigo. Quem sabe um amor, que ali não estava. Ou talvez um pouquinho de sorte, quem sabe? Deixaria que o destino decidiria por si o que presaria lá na frente. Agora não queria saber de mais nada, apenas da doce liberdade que buscava encontrar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Momentos que perdi

Sabe, eu tenho saudade. Saudade da vida que ainda não vivi, e da vida que estou deixando passar. Da vida que um dia já deixei passar por alguém que nunca pensou em mim. Saudade daqueles momentos no inverno que não cheguei a ter, e do começo da primavera pelo parque que não visitei. Saudade de ter roubado aquele beijo de alguém que não cheguei a conhecer, e de me surpreender por um buquê que nunca cheguei a ganhar. Saudade das risadas que por muito tempo não soube mais o que eram, e as perdi. Saudade de sentar na areia da praia, e observar o pôr-do-sol que eu não vi. Ou então, daquela noite que não cheguei a passar no acampamento, em que deitei para observar o céu estrelado. Saudade daquele perfume doce que invadiu o ar que eu não senti. Saudade de todos os momentos que perdi, ou que não cheguei a viver. E que ainda os deixo passar.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Tua lembrança

Eu sei, eu sei. Mas quem disse que eu consigo deixar de lado? Quando bate a saudade dos velhos tempos, me dá uma vontade louca de te ter aqui comigo. Só pra te pedir um abraço, e pra dizer que eu não quero que você se vá nunca mais. Que fique, que sempre fique. Eu não preciso daquela dor novamente, eu não preciso que você suma de novo. Nunca precisei, essa é a verdade. Tudo realmente estava bem como estava. Mas passou, e agora traz essa saudade. Uma saudade tão doce e tão amarga ao mesmo tempo. Tão amarga por saber que tudo mudou, que principalmente você, mudou. E que eu também mudei. Já não sou mais quem era antes, já não sou mais doce. Vivo da amargura que a dor da sua partida trouxe. E mesmo assim, quando essa carência da sua presença bate, eu ainda desejo por ti. Por toda aquela atenção que me davas, por toda aquela importância, por toda aquela preocupação. Quem diria que logo passaria, que logo sumiria. Quem diria que tão breve viraria apenas uma lembrança. Lembrança que já não traz mais dor, mas ainda traz saudade. E sempre trará, eu sei. Sei bem. Sei e sinto. Como agora, como semana que vem, como mês que vem. Marcou, e marcou muito a minha vida. Outra verdade. Marcou de um jeito inesquecível… Porém agora tento que sejas substituível, só pra poder sorrir de novo. Sorrir, ser feliz e seguir em frente. E sigo, tropeço, caio, me levanto, e sigo novamente. Mas vou em frente. Deixei de andar pra trás quando a dor não mais me pertencia. E agora carrego comigo a tua lembrança. Tão cruel, tão distante… Mas tua. E agora também minha.