sábado, 27 de agosto de 2011

Amargura do amor

Não sei em que ponto comecei a perder dos olhos a beleza do mundo. Em que ponto parei de apreciar coisas simples, e tão sensíveis. Em que ponto perdi a sensibilidade. Em que ponto deixei de ser quem era, para me tornar o que sou hoje: amarga. Digo amarga porque me sinto como uma velha ranzinza de poucos anos. É que certas coisas já não me descem mais como antes, elas simplesmente entalam na garganta - ou pior, sequer entram nela. Sinto repulsa, simples. Amor de mais, por exemplo, é algo que já não suporto. Tanto mel já não é pra mim, pelo contrário, tenho preferido o salgado ao doce. Talvez seja porque me desapaixonei, e com isso perdi à vontade que existia do mundo, e talvez, das pessoas e certas atitudes. Não só atitudes como palavras. Creio que também perdi - quase - todo o senso de humor que existia; Não tem como negar, me tornara amarga. E pior ainda: uma amargura que vem de dentro. Sequer superficial. Mas acredito que seja reversível, afinal, tanta amargura uma hora terá que se tornar doçura. Mas não doçura de mais. Tudo que é demais enjoa. Assim como enjoei do amor, porque chega uma hora que simplesmente não dá mais. O amor não lhe desce mais - ele entala, e te faz engasgar. Então você toma raiva, e enjoa. Só porque não foi como você esperava. E daí em diante as coisas vão perdendo a beleza, perdendo o gosto, a vontade. Tudo que era possível se torna impossível. Tudo o que era em conjunto se torna solitário. Solidão. Amargura. - Até que um dia, por algum milagre ou força do destino, você enxerga a beleza nos olhos de alguém. E então se apaixona. E tudo recomeça.

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