domingo, 21 de agosto de 2011

Menino...


 Hoje, ao meio da madrugada, completando mais um mês da sua ausência presente, percebi que não importa quanto tempo passe - e irá passar -, você sempre estará presente em mim. A ironia é que, já se passou mais tempo da sua presença ausente, do que quando tive realmente a sua presença na minha vida. Mas não importa… Não importa quanto tempo passe, e o quanto eu relute pra dizer que não, eu estou - e daqui há algum tempo eu ainda vou estar - esperando você voltar.
     É meio estranho, alguém ter tanta importância na vida da gente, e se quer estar presente nela. É estranho amarmos alguém que, talvez, sequer conhecemos direito. Quer dizer… Conhecia. É estranho pensar que tudo mudou tão de repente, e eu não estou mais na sua vida. É estranho pensar que não importe quanto tempo passe, as lembranças nunca serão meras lembranças. Serão sempre a parte de ti que carrego comigo, pra onde for, no mais profundo do meu coração. É estranho pensar que apesar de tudo, te queria ao meu lado agora, me abraçando, e dizendo que toda essa confusão irá passar e tudo ficará bem novamente - mesmo que isso não seja verdade, só de te ouvir dizendo isso, me acalmaria, como sempre acalmou. 
     Percebi também, que não importa quantas cartas eu escreva, a saudade nunca irá por completo. E mesmo que se vá, sempre renasce, como uma fênix no meu coração. Uma fênix com o seu nome, e o sobrenome saudade. Também já deixei de querer encontrar respostas que não existem, para perguntas perdidas no ar, no seu silêncio. Ah… Esse silêncio me angustia tanto, menino. Mas você não se importa, como um dia se importou. E o meu problema é ter me contentado com isso. Me contentado a viver das lembranças que por mais que eu insista, não se perdem no tempo. Na verdade, eu que me perdi no tempo. No tempo das tuas lembranças, menino. Só pra fazer com que você viva em mim, de novo. Só pra fingir que você ainda está aqui, que eu ainda posso contar contigo. Só pra fingir que você vai me acalmar quando eu tiver um pesadelo no meio da tarde. 
     Mas de uma coisa eu consegui esquecer: da dor. É… A dor não existe mais em mim. Agora o que me angustia, também, é todo esse vazio que ficou. O vazio do lugar que você preenchia quando estava totalmente presente, e não só nas lembranças. E esse vazio dói mais que a dor que você me causava antes. Todo esse vazio, esse silêncio, essa falta de respostas, essa falta da sua presença, da sua voz, de você. De tudo o que eu queria ter de você um dia, mas nunca tive. 
     É meio vago, sabe menino… Só conseguir escrever sobre a saudade. Sobre toda essa falta que você deixou, sobre a minha metade inteira que você não devolveu. Sobre toda essa falta de sentimentos aqui dentro. Quero dizer, a falta de sentimentos a não ser o resquício de amor que quase senti por ti um dia. Aquele sentimento tava ficando tão forte… Mas então você partiu. Partiu, e não me levou contigo. E insistiu em deixar todas as lembranças, pra me torturarem. Pra remoer toda essa saudade, pra não deixar que você morra em mim. Mas então você não morre….
     A verdade é que quem morre sou eu. Aos poucos, a cada nova lembrança, a cada dor do vazio que agora ocupa o meu peito. A cada lágrima que insiste em cair com o teu nome durante a noite, enquanto você dorme tranquilamente. A cada vez que penso em te ligar, mas sou obrigada a perceber que não vale mais à pena. Porque você seguiu com a sua vida. Enquanto eu parei no tempo, esperando a sua volta, e convivendo com todas as lembranças do que um dia existiu. E não existe mais.

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